Diante desse quadro confuso, desarrumado e de incertezas, não existe espaço para o otimismo, pelo menos a curto e médio prazo quando temos um povo, em sua grande maioria, desprovido de educação e cultura, que só segue as normas de isolamento e distanciamento social se for na base do ferrão de vaqueiro brabo, ou do policiamento repressivo.

Existe pouca consciência humanitária, e pior ainda no âmbito político de saber revidar as atrocidades e dar um basta. Chega de tantas calamidades! O povo parece gado desembestado quando se abrem as porteiras de uma flexibilização que não deveria ocorrer, como está acontecendo em Vitória da Conquista, aqui em nossa casa.

O modo individualista e egoísta de se comportar leva a atitudes irresponsáveis de desobediência civil que só é controlável através da força policial. Não dá para entender como tem gente que invade as praias para curtir um banho de mar e praticar lazer e esportes nas areias, mesmo diante de uma placa de interditado por um decreto municipal. A impressão é que todos foram induzidos a um suicídio coletivo de maiores proporções.

Como tem gente que faz filas nas portas das lojas de confecções, de perfumes, de sapatarias, móveis, de utensílios eletrônicos e outros ramos para comprar produtos como se fossem essenciais e imprescindíveis à vida? Para essas pessoas, uma camisa, uma calça ou um sapato são objetos de primeira necessidade, cujas compras não podem ser adiadas. Nem estão aí para aglomerações nas ruas e entram irracionalmente de cabeça no consumismo, como se fossem imunes ao vírus. É uma massa irracional!

Tudo isso reflete a falta de educação e cultura, muito diferente da mentalidade racional de países europeus e orientais asiáticos que cumprem e incorporam as regras de isolamento, sem precisar de repressão policial. Aqui, o fechamento de ruas e bairros, os toques de recolher, as campanhas e os decretos surtem pouco efeito porque não existe consciência coletiva no sentido de cada um se proteger para proteger os outros e vencer o vírus.

É lamentável o que está acontecendo no Brasil! De um lado a pobreza, a miséria, milhares morrendo nos hospitais precários (mais de 40 mil), muita gente desesperada sem emprego e passando fome e, do outro, pessoas com dinheiro contado, mas preocupadas em consumir coisas supérfluas, como se fossem essenciais. Nem estão aí para a situação de crise e caos em que vive a nação. Nem estão aí para os que estão perdendo suas vidas para a pandemia! Não dá para entender tanta insensibilidade, tanta falta de solidariedade e tanto egoísmo acumulado! Parece que todos estão correndo em disparada para um suicídio coletivo!