Poema de autoria do jornalista Jeremias Macário

Vou tocando meu caminhão,

Cortando o asfalto desse chão,

Seguindo sem mais ninguém,

Vou levando a minha carga,

Para outro lugar do além.

 

Essa estrada maluca,

Queima a nossa cuca,

E vou assim nas retas,

Sumindo nas curvas,

Ouvindo as ondas longas,

E deixando vaga as curtas.

 

Vou por aí tocando,

Minhas duras lutas,

Nas frenéticas disputas,

Namorando prostitutas,

Conhecendo cidades,

Valentes e covardes.

 

Meu abrigo é a boléia,

Meu canto é da solidão,

Onde guardo a amada,

Levando minha carga,

De química e de feijão.

 

Pra bem longe vou rodando,

Sem saber quem eu sou,

E assim dirijo meu destino,

Rezando pro meu divino,

Com meu jeito de latino,

Sem rimar amor e dor.