Existe uma sensação de que estamos todos perdidos, na contramão do que as outras nações estão realizando para voltar à normalidade o mais rápido possível, com ordem e disciplina. Aqui, já somos o segundo país do mundo com mais casos de coronavírus. O número de infectados e mortes só aceleram, num ritmo assustador. Quando vamos chegar ao tal pico, para termos uma curva decrescente? No governo só se comenta em demissões, acordos com o “Centrão” de deputados do toma lá, dá cá e mais destruição do meio ambiente, com o desmatamento da Amazônia.

Nesse desnorteado e conturbado Brasil, sem liderança e rumo, onde as “orientações” de um capitão-presidente, contrárias à ciência, não são seguidas por governadores e prefeituras em geral, e o brasileiro em si é desprovido de disciplina, com uma cultura diferente da europeia, sem educação preventiva, o isolamento social e a chamada quarentena no país não passam de uma ilusão. Simplesmente não existem.

Que isolamento é esse com o movimento intenso de veículos nas grandes cidades, e os transportes coletivos de ônibus, vans e metrôs lotados todos os dias? Desde o início da pandemia da Covid-19, há mais de dois meses, que se fala em quarentena, mas é uma balela, se formos analisar os cenários que foram impostos e cumpridos em diversos países europeus, como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Inglaterra e até em alguns dos nossos vizinhos da América do Sul.

PROBLEMAS SOCIAIS E O VÍRUS DA CORRUPÇÃO

Somado a tudo isso, temos ainda um país pobre com grandes problemas sociais, de educação e de saneamento básico onde milhões têm que escolher entre morrer de coronavírus ou de fome. De um lado, os seguidores da morte defendem a saída total para as ruas e abertura de estabelecimentos não essenciais. Do outro, os governadores fazem um esforço tremendo para fazer cumprir medidas de distanciamento, inclusive com a força coercitiva do policiamento, multas e prisões.

Nessa mistura indigesta da pandemia, o caos político no Quartel-general do Planalto, Ministério da Saúde (um já foi exonerado), sendo desautorizado a emitir protocolos de procedimentos para conter a doença e, para completar, a presença nefasta do vírus da corrupção na compra de equipamentos respiratórios e no auxílio social, tudo só fica mais confuso e abre mais espaço para o avanço do coronavírus.

Temos um presidente que não entende nada de medicina, mas receita medicamentos, como a cloroquina. Cita até Napoleão e contraria seu próprio ministro da Saúde. Briga com governadores e quer que eles obedeçam seus malucos decretos. Fala-se até em prisões e fechamento do Supremo Tribunal Federal. Compras são feitas superfaturadas, e “fornecedores” safados entregam ventiladores falsificados e não adaptáveis nas UTIs. Os abutres carniceiros aproveitam da desgraça da pandemia para ganhar mais dinheiro.

TENDÊNCIA DE AUMENTO

Diante desse triste cenário de crise em todos os setores, na minha modesta visão, a propagação do vírus no Brasil só tente a aumentar, com mais mortes, hospitais trabalhando além da capacidade, cemitérios sem espaços para os enterros e muito derramamento de lágrimas e desespero de parentes, amigos e familiares. Não é questão de pessimismo e terror. É que o panorama brasileiro não é nada alentador e otimista.

O Brasil está sendo visto lá fora como um perigo para os países da nossa fronteira, como Argentina e o Paraguai que estão fechando suas fronteiras. O que estamos vendo é uma balbúrdia no trato do combate do vírus. Todos os dias, a Rede Globo apresenta um quadro das empresas que estão doando milhões para contribuir com máscaras, aparelhos, álcool gel, alimentos e outros materiais para instituições, governos, unidades de saúde e a população mais necessitada.

Do outro lado, profissionais da saúde, como enfermeiros e médicos, reclamam todos os dias da falta de apoio e equipamentos para trabalhar com segurança. Então, para aonde estão indo essas toneladas de doações? Faltam leitos e respiradores. A população está recebendo essa ajuda dos empresários? O que está havendo no outro lado do balcão? Está ocorrendo desvios dos milhões doados?