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:: 14/maio/2020 . 22:47

A EXTINÇÃO DOS JUMENTOS

Lamento muito a declaração do diretor da Adab -Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, Maurício Bacelar, de que o estado vai criar uma cadeia produtiva de jumentos, jegues ou asininos, para fornecer, de “forma sustentável”, esses animais, símbolos do Nordeste, para o abate nos frigoríficos baianos. A foto e a informação foram divulgadas nesta semana, com exclusividade, no blog do nosso companheiro e amigo jornalista, Mário Bitencourt (blogdomariobitencourt). Uma balela para enganar ambientalistas e defensores dos animais. Na verdade, o que está por trás disso é uma estratégia montada para extinguir com os jumentos em nosso Nordeste, porque não vai haver cadeia produtiva alguma, como bovinos, caprinos e suínos, citados pelo diretor da Adab. Aqui na Bahia, os frigoríficos de Amargosa, Simões Filho e Itapetinga estão matando, impiedosamente, os jegues para vender a carne e o couro para a China, utilizados em iguarias domésticas e para fabricar um gelatina, o eijao, medicamento para pele e impotência sexual, como afirmam os chineses. Depois que os jumentos foram substituídos pelas motos e não servem mais para transportar água e lenha, resolveram, criminosamente, acabar com esta espécie que tanto serviu ao sertanejo na labuta do dia a dia, sustentando famílias. Em meio a essa pandemia, com milhares de mortes, o governo federal (a matança conta com o apoio) está destruindo o meio ambiente, incluindo os animais. A perversidade do homem sobrou agora para os nossos inocentes jumentos. Cadê o Ministério Público, as entidades ambientalistas e outros órgãos de defesa animal que se calam e não tomam providências contra mais este absurdo?

TRISTEZA E DOR

Poema mais recente de autoria do jornalista Jeremias Macário

Como já dizia o poeta profeta,

“Dou voz a quem não tem voz”,

E no meu verso torto controverso,

Sou também a voz do invisível,

Vítima desse capital algoz.

 

Criticam tanto meu lamento,

De que tem o canto profundo,

De um vento de tristeza e dor;

Que nele tem a cor vermelha,

O cinzento bagaço da seca,

Da “Triste Partida” Assaré,

Do nordestino pau-de-arara,

Como vara nascido num sapé;

Que minha tinta tine como aço,

E que seja como folha fresca,

Como o mel doce da abelha,

E que devo logo me libertar,

Desse manto de tristeza e dor.

 

Respondo que em meu caminho,

Com minha flecha lá vou eu,

Ora no raio da luz, ora no breu,

Misturando cachaça com vinho,

Com a pipa de olho no tempo,

Temperando certo minhas linhas,

Na tentativa de aliviar essa dor,

Da lança letal da injustiça social,

Que ao invés de água, só sai sal.

 

Prefiro ser a “Vinhas da Ira”,

Da terra agrária violentada,

Marcha de um sonho prometido,

Na lente de John Ford que mira,

O explorador tirano da pobreza,

Como o insano faz do nosso Brasil,

Roubando todo encanto e riqueza,

E transformando a nossa nação,

Que Caminha disse ser fértil chão,

Num velho e arranhado vinil.

 

Onde estiver a fome e a miséria,

A chibata surrando o mais fraco,

Lá estará a artéria da minha voz,

Mesmo que vire saco de pancada,

Pois a arte no seu sensato canto,

Tem o ato de mostrar o belo e a fera,

Sem agradar o pecador e o santo,

Senão melhor ficar em sua tapera,

Ou numa loca onde vive o mocó,

Que arisco sai ao calor do sol.

E depois se recolhe em sua toca.

 

Se for para ser apenas seguidor,

Dessas falsas parábolas e fábulas,

Não gritar contra a cruel realidade,

Dessa sociedade tão dura desigual,

De indiferente marginal desamor,

Fruto desse perverso bruto animal,

Fico em meu canto mudo sem falas,

E paro de vez com a minha canção,

De angústia, revolta, tristeza e dor.

 

 

 

 

 

 

NÃO EXISTEM ISOLAMENTO SOCIAL E QUARENTENA DA COVID NO BRASIL

Existe uma sensação de que estamos todos perdidos, na contramão do que as outras nações estão realizando para voltar à normalidade o mais rápido possível, com ordem e disciplina. Aqui, já somos o segundo país do mundo com mais casos de coronavírus. O número de infectados e mortes só aceleram, num ritmo assustador. Quando vamos chegar ao tal pico, para termos uma curva decrescente? No governo só se comenta em demissões, acordos com o “Centrão” de deputados do toma lá, dá cá e mais destruição do meio ambiente, com o desmatamento da Amazônia.

Nesse desnorteado e conturbado Brasil, sem liderança e rumo, onde as “orientações” de um capitão-presidente, contrárias à ciência, não são seguidas por governadores e prefeituras em geral, e o brasileiro em si é desprovido de disciplina, com uma cultura diferente da europeia, sem educação preventiva, o isolamento social e a chamada quarentena no país não passam de uma ilusão. Simplesmente não existem.

Que isolamento é esse com o movimento intenso de veículos nas grandes cidades, e os transportes coletivos de ônibus, vans e metrôs lotados todos os dias? Desde o início da pandemia da Covid-19, há mais de dois meses, que se fala em quarentena, mas é uma balela, se formos analisar os cenários que foram impostos e cumpridos em diversos países europeus, como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Inglaterra e até em alguns dos nossos vizinhos da América do Sul.

PROBLEMAS SOCIAIS E O VÍRUS DA CORRUPÇÃO

Somado a tudo isso, temos ainda um país pobre com grandes problemas sociais, de educação e de saneamento básico onde milhões têm que escolher entre morrer de coronavírus ou de fome. De um lado, os seguidores da morte defendem a saída total para as ruas e abertura de estabelecimentos não essenciais. Do outro, os governadores fazem um esforço tremendo para fazer cumprir medidas de distanciamento, inclusive com a força coercitiva do policiamento, multas e prisões.

Nessa mistura indigesta da pandemia, o caos político no Quartel-general do Planalto, Ministério da Saúde (um já foi exonerado), sendo desautorizado a emitir protocolos de procedimentos para conter a doença e, para completar, a presença nefasta do vírus da corrupção na compra de equipamentos respiratórios e no auxílio social, tudo só fica mais confuso e abre mais espaço para o avanço do coronavírus.

Temos um presidente que não entende nada de medicina, mas receita medicamentos, como a cloroquina. Cita até Napoleão e contraria seu próprio ministro da Saúde. Briga com governadores e quer que eles obedeçam seus malucos decretos. Fala-se até em prisões e fechamento do Supremo Tribunal Federal. Compras são feitas superfaturadas, e “fornecedores” safados entregam ventiladores falsificados e não adaptáveis nas UTIs. Os abutres carniceiros aproveitam da desgraça da pandemia para ganhar mais dinheiro.

TENDÊNCIA DE AUMENTO

Diante desse triste cenário de crise em todos os setores, na minha modesta visão, a propagação do vírus no Brasil só tente a aumentar, com mais mortes, hospitais trabalhando além da capacidade, cemitérios sem espaços para os enterros e muito derramamento de lágrimas e desespero de parentes, amigos e familiares. Não é questão de pessimismo e terror. É que o panorama brasileiro não é nada alentador e otimista.

O Brasil está sendo visto lá fora como um perigo para os países da nossa fronteira, como Argentina e o Paraguai que estão fechando suas fronteiras. O que estamos vendo é uma balbúrdia no trato do combate do vírus. Todos os dias, a Rede Globo apresenta um quadro das empresas que estão doando milhões para contribuir com máscaras, aparelhos, álcool gel, alimentos e outros materiais para instituições, governos, unidades de saúde e a população mais necessitada.

Do outro lado, profissionais da saúde, como enfermeiros e médicos, reclamam todos os dias da falta de apoio e equipamentos para trabalhar com segurança. Então, para aonde estão indo essas toneladas de doações? Faltam leitos e respiradores. A população está recebendo essa ajuda dos empresários? O que está havendo no outro lado do balcão? Está ocorrendo desvios dos milhões doados?





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