Primeiro quero aqui saudar todos meus amigos e não conhecidos artistas, poetas, compositores e músicos que vivem de seus shows do dia a dia em bares, restaurantes e casas de eventos, os quais estão recolhidos em suas casas sem poder expressar sua arte e ganhar uns trocados que, forçosamente, nos privam de ouvir suas belas canções.

Também aos escritores e literatos, como é o meu caso, que estão sem puder vender e lançar seus livros, folhetos e cordéis por aí. Estão parados sem saber quando voltam. O nosso Sarau A Estrada também está de quarentena, e estamos com saudades de todos vocês amigos, mas continuamos produzindo alguma coisa de poesia em vídeo para relaxar e descontrair os companheiros nesses momentos tão difíceis. Nossa mensagem é nesse sentido porque a poesia também é vida, e não de contrariar as medidas de proteção.

Não estou aqui me referindo aos cantores “famosos” dos axés, pagodes, arrochas e lambadas do lixo que engordaram suas panças durante o carnaval e outras festas com o nosso suado dinheiro, e agora estão em suas mansões de luxo, embernados como os ursos polares que se alimentam numa estação e depois se recolhem em suas tocas até a próxima temporada de caça.

Para estes “ídolos” do povo, a mídia televisa faz entrevistas indagando como eles estão vivendo nessa época de crise, quando deveria se dirigir aos artistas que fazem e cantam uma boa música para alegrar aos frequentadores de bares, centros de cultura e casas de shows, que gostam de ouvir uma boa canção. Teve um que respondeu que passava o dia comendo. Quanta ironia! Por que a mídia não indaga como estes artistas de bares estão atravessando essa fase sem ganhar seus mirrados cachês?

Isolamento e a enxurrada de recomendações

Em nosso Brasil de tão profundas desigualdades sociais, de tanta gente carente e doente, de milhões que não sabem lidar com a internet e aplicativos, de mais de 13 milhões de desempregados e necessitados, dos que vivem do subemprego e informais ambulantes, é impossível manter um total isolamento social e mandar que todos fiquem em suas casas.

Os idosos aposentados precisam ir aos bancos para tirar seus proventos, para fazer suas feiras, e agora aqueles outros milhões que precisam sacar a ajuda social do governo federal, sem contar os que procuram um órgão ou entidade para fazer seus cadastramentos no aplicativo e até regularizar seus CPFs na Receita Federal. É difícil deter esse enorme contingente confinado em seus lares e barracos.

É uma realidade bem diferente de países ricos onde, além do econômico, têm outro nível de instrução, e a tecnologia funciona a contento. É verdade que as pessoas precisam manter um distanciamento um do outro nas filas, mas aí entra a questão psicológica e o medo de não ser atendido, ou até aproveitador oportunista passar em sua frente. São tantos os problemas!

Interditar uma agência bancária não pune o banqueiro. Ao contrário, ele se beneficia utilizando o dinheiro do cliente para fazer aplicações no mercado financeiro. Não é como uma casa comercial onde o empresário também perde. Existem nisso tudo muitas medidas feitas de modo atabalhoadas.

Outra coisa que venho observando são as enxurradas de recomendações vindas de epidemiologistas, infectologistas e médicos de vários naipes e instituições (antes condenavam a cloroquine e agora muitos receitam),  que terminam deixando muita gente ainda mais confusa, pirada e em pânico. Não entro nessa pandemia de recomendações, mas não vou me descuidar e deixar de preparar bem o meu corpo e minha mente, sem medo.

Generalizaram todos os idosos por faixa etária acima de 60 anos como grupo de risco, quando existem milhares em condições bem mais saudáveis que muitos abaixo dessa idade que têm doenças crônicas complicadas. Aí, a mídia fica o tempo todo só apontando os idosos que vão às ruas resolver problemas inadiáveis. Criou-se uma discriminação geral, e só falta criarem campos de concentração.

Outra coisa agora inventada pela grande mídia e fazer seu marketing para homenagear aqueles que continuam trabalhando em atividades fora da medicina. Estes deveriam até agradecer porque ainda estão ganhando uma grana para seus sustentos e de suas famílias. E os que estão totalmente fora do mercado, sem nenhuma condição financeira? Por que não entrevistar essa categoria para ver como essas pessoas estão vivendo? É sempre a mídia fazendo sua média. Muitos podem até não concordar comigo, mas procuro ser lógico e racional. Não engulo tudo que me mandam.