fevereiro 2020
D S T Q Q S S
 1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829

:: fev/2020

O CARNAVAL E A CONCENTRAÇÃO DE RENDA

Durante o mês de fevereiro o país, que há anos já vem sofrendo uma profunda crise econômica, praticamente paralisa suas atividades para as falias momescas, onde o rico fica mais rico e o pobre mais pobre, aumentando assim a concentração de renda e as desigualdades sociais que estão entre as maiores do mundo.

Os protagonistas da festa – prefeitos, governadores, empresários e a própria mídia – com suas falsas propagandas demagógicas jogam luzes na plateia famélica para extravasar suas emoções e frustações de que a festa oferece milhões de empregos, e que vale a pena investir milhões de reais dos cofres públicos em detrimento da educação e da saúde.

Todos ficam contentes e felizes, e já com o seu escasso pão, se contentam apenas com o circo. A multidão desvairada arrasta chinelo no asfalto, enquanto a elite se deleita do alto de seus camarotes fazendo cálculos de seus pomposos lucros no final da bagaceira.

Os políticos de plantão no poder municipal e estadual, principalmente, disputam seus espaços para ver quem ganha mais voto. Os donos de trios elétricos, de bandas, de agências de viagens, de hotéis, das indústrias de bebidas e dos camarotes fazem a engorda, colhendo a supersafra.

Os pobres ouvem o canto da sereia e eufóricos entram na festa dos ricos, dizendo a si mesmos que é tempo de desabafar suas mágoas e esquecer as durezas da vida escrava. Pulam como pipocas na panela, gastam o pouco que têm e ainda ficam endividados no arrastão das ressacas.

Tem gente que torra até o dinheiro da feira e deixa a família em necessidade, mas não perde o carnaval de mais de uma semana de puro lixo musical e porrada da polícia. Com sacrifício e sofrimento, (dormem nas ruas) muitos montam suas barraquinhas de comidas e bebidas para no final ganhar uns míseros trocados, quando não saem tristes diante do prejuízo.

A classe média mais baixa, que prefere ficar longe do fuzuê maluco, entra na onda dos mais ricos e estouram todo o dinheirinho numa viagem de passeio para as praias ou locais turísticos onde deixam suas parcas economias nas mãos dos hoteleiros. Muitos até ficam sem pagar as mensalidades escolares dos filhos, que nos colégios passam vergonha pelo atraso dos pais.

Nesta época, os movimentos nas estradas se elevam, e os acidentes com feridos e mortes são assustadores, o que resulta em mais gastos para o sistema de saúde que já está em total calamidade. Mesmo assim, num país em crise, com milhões desempregados e vivendo na extrema pobreza, eles tentam incutir e convencer que vale a pena investir milhões, para oferecer umas vaguinhas temporários, utilizando mão-de-obra escrava.

É assim o cenário dessa Roma do circo sem pão onde o ano de atividades só começa mesmo a partir de março. Na volta da ressaca, o pobre está mais pobre, e o rico mais rico, curtindo suas mordomias. Logo depois aparecem os feriadões de final de semana e tudo volta ao mesmo ciclo da decadência. A mídia adora, e também leva seu quinhão à custa dos otários que entram na manada em disparada.

ESTACIONAMENTOS EXPLORAM CLIENTES E A SUJEIRA NOS RESTAURANTES

Como os postos de combustíveis de Vitória da Conquista que cobram um dos preços mais altos de todo o estado, com suspeitas de formação de cartel (a CPI da Câmara nada resolveu), assim trabalham também os estacionamentos particulares de veículos da cidade, que cobram taxas exorbitantes por hora, mesmo que o usuário fique apenas cinco minutos ocupando uma vaga.

Estive hoje no Shopping Conquista Sul (raramente vou ali), para resolver um problema e comprar um produto, e tomei um baita de um susto. Paguei R$5,00 e fiquei cerca de 30 minutos.  Se ficasse cinco ou dez minutos era a mesma coisa, conforme informação do cobrador.

Foto de José Silva

Considero isso um absurdo e uma falta de consideração para com o cliente, mas o Procon, Ministério Público, o Condecon, a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara de Vereadores e a própria Prefeitura Municipal nada fazem para coibir esta exploração. No Aeroporto Glauber Rocha é um escândalo se pagar R$24,00 por pouco mais de uma hora, como ocorreu comigo.

Aliás, está faltando em Conquista um conjunto de ações por parte dos órgãos que se dizem competentes, para conter essa ganância capitalista selvagem. Quando aqui cheguei, há 29 anos, Conquista era uma cidade bem mais barata e melhor para se viver. Hoje ficou uma cidade de custo muito alto, talvez um dos maiores do interior da Bahia. Não dá mais para pobre morar aqui.

Se não me engano, existe uma lei municipal para que os estacionamentos cobrem preços fracionados, de acordo com o tempo de ocupação na vaga, mas os prestadores desses serviços não obedecem e nem colocam placas com as tabelas por minutos utilizados. É mais uma lei morta, como muitas outras, a exemplo dos 15 minutos nas filas dos bancos, porque não existe fiscalização.

Outra calamidade é a falta de vigilância sanitária em bares e restaurantes. Dia desses estava conversando com uma pessoa que trabalhou, temporariamente, num bar no Bairro Brasil e me contou horrores com relação a sujeiras que acontecem na cozinha do estabelecimento.

Neste local em referência, os empregados (todos irregulares e sem proteção) trabalham em meio a baratas, insetos, vazamento de água, fiação elétrica estragada (até torneiras dão choque) e equipamentos enferrujados.

Tem comidas que ficam até duas semanas nas geladeiras e são servidas aos consumidores. Pela sua precária situação de funcionamento, o bar-restaurante teria que ser fechado imediatamente, se houvesse fiscalização dos poderes públicos.

Antes de sentar para comer num restaurante, principalmente de classe mais popular, peça para conhecer a cozinha. Tenho certeza que você vai sair correndo, se não vomitar ali mesmo. Os banheiros seguem a mesma linha de sujeiras.

É PROIBIDO FALAR DE POLÍTICA E PROGRESSISTA VIRA COMUNISTA PERIGOSO

Existem neste país centenas de grupos radicais, ultraconservadores, de extrema direita e fundamentalistas que soltam torpedos caros e violentos de fake news para manter o capitão-presidente no poder e fortalecê-lo para completar o seu processo retrógrado de governo por mais outra temporada de quatro anos, enquanto outros grupos de ideologias misturadas, que se formam nas redes socais, colocam como regra número um não falar de política, sob pena do participante ser excluído, quando nos tempos atuais mais se deveria interagir e discutir sobre o assunto.

A proibição visa evitar rixas, ódios e intolerâncias que o tema pode gerar, quando se parte para a ignorância, criando inimizades, brigas e até morte, como já aconteceu. No lugar de se usar 10% da cabeça racional, com um bom nível de argumento que a questão requer, escolhe-se o atalho mais fácil da proibição. Esses grupos não podem levantar o assunto em festas, encontros sociais, reuniões e até em bares. Quando estão juntos, ou em redes, passam o tempo falando besteiróis e amenidades. Além da política, religião e até futebol não podem ser debatidos.

Alienação e mentes nanicas

Este tipo de comportamento termina propagando um ambiente de comodismo, alienação, consentimentos com as coisas erradas que estão ocorrendo, e formando uma nação de mentes nanicas, sem contar que a democracia está sendo apunhalada de morte, dando mais espaços aos núcleos de retrocessos e à estratégia moralista de destruir a cultura, o saber e o conhecimento.

Enquanto essa onda de proibir de se falar de política se espalha em todo nosso território nacional, o capitão, do seu quartel-general do Planalto, fala palavrão em público, diz que organismo ambientalista é um lixo e uma porcaria e, num gesto com um braço, dá uma banana para o povo brasileiro, e não somente para repórteres, como se engana a própria mídia.

O fato se deu em referência ao acervo de 42 mil itens da Biblioteca da Presidência da República que será reduzido para abrigar um gabinete da primeira dama, para fazer sua “Pátria Voluntária”. Com a reforma, não será mais possível ampliar o acervo, além de serem extintos espaços de estudo e visitação para leitura. O intuito é acabar com a nossa cultura e a memória do país, e o cara ainda quer elogios.

Não vai demorar muito e ele vai fazer aquele gesto obsceno com o dedo, mandando todo mundo tomar naquele lugar. Já disse e repito aqui. Previ há anos a tomada do poder pela extrema maluca, e muitos me ironizaram. Vamos ver coisas piores e mais indecentes. O silêncio dos bons e intelectuais é perturbador, e estamos sendo conduzidos para uma rota perigosa, num regime militarizado. Pelo voto, já estamos vivenciando a intervenção militar, tão gritada nas ruas pelos fanáticos extremistas.

É proibido falar de política, quando grupos da pesada, inclusive nazifascistas e núcleos do poder, financiados até com recursos públicos, disseminam falsas notícias; taxam veículos de comunicação (muitos até com DNA elitista de direita) de esquerdistas comunistas, bem como qualquer pessoa de ideias progressistas. Na ditadura da época da guerra fria também o maior inimigo era o comunista, visto como aquele que comia criancinhas, jogava bebês para o alto e aparava no punhal e matava idosos.

A tropa SS de Hitler

:: LEIA MAIS »

PEQUENA HISTÓRIA DO COMBATE À CORRUPÇÃO (PARTE II DO LIVRO “O ESPETÁCULO DA CORRUPÇÃO”, DE WALFRIDO WARDE

Nesse capítulo, o autor do livro explica, através da história, que há no Brasil um combate inconsequente à corrupção, que impõe mais danos do que benefícios. Afirma que as leis de combate à corrupção são filhotes da legislação Antimáfia que aparece na Itália e depois nos EUA.

A expressão organização criminosa, segundo ele, remete à máfia italiana, lembrando os filmes de gênero: a Cosa Nostra, que se radicou na Sicília. A origem da organização é controversa, mas remonta aos normandos que conquistaram a Sicília, em 1061, e espalharam revolta contra o reinado de Carlos I de Anjou. Tomaram a ilha, em 1266, ou ainda advém dos Beati Paoli, uma seita secreta formada por vingadores e justiceiros. Eles usavam capuzes da ordem monástica de São Francisco de Paula, patrono dos reinos de Nápoles e da Sicília.

Segundo sua pesquisa, a organização estabeleceu um verdadeiro mercado de serviços, a partir da necessidade de proteção dos donos de terra, diante da ausência do Estado. A história prova que a proteção – o serviço mafioso da proteção – é filha da extorsão. Antes do aparecimento do Estado, a máfia assumiu os espaços, que mais tarde compartilharia com o governo e outros poderes constituídos. É mais velha que o Estado, com o qual travou uma guerra “sentada”, de faz de contas.

As franquias da máfia, como esclarece Walfrido, cresceram em ambientes onde o Estado claudicava, em meio à pobreza e à desigualdade social, na condição de distribuidora de justiça e de promotora da ordem e da segurança. A Cosa Nostra, a Camorra e a Ndrangheta destacaram-se pela capacidade de se institucionalizar. Floresceram como organização empresarial criminosa transnacional, a partir de suas regras.

Conta a história que ela a apareceu como governo por meio da infiltração nos sistemas sociais, econômicos, políticos e jurídicos. Foi capaz de criar células replicantes e derivações nas mais variadas regiões italianas, e também fora do país, como nos EUA. “O combate à máfia é, antes de tudo, uma disputa de poder, o cabo de guerra entre o poder formal e o material”.

Aponta o autor do livro que a primeira produção do legislativo italiano que combateu a máfia como delinquência apareceu, em 1982, com a aprovação da Lei Regional La Torre, de número 646, se bem que as leis 1423, de 1956 e a 575, de 1965, já tocavam no assunto, mas centravam-se nas pessoas e não nas organizações criminosas.

Prosseguindo, o estudo revela que somente depois do homicídio de Pio La Torre e de Carlo Alberto Dalla Chiesa é que seria aprovada a Lei Regional La Torre, que introduziu o crime de associação criminosa. O Decreto Lei 629, de 1982, convertido em Lei 726, do mesmo ano, propôs medidas urgentes na luta contra a delinquência mafiosa, constituindo um Alto Comissariado, cuja competência seria ampliada pela Lei 486, de 1988, subordinada ao Ministério do Interior.

A Lei Cava Vassalli, de 1990, reforçou as medidas patrimoniais, aparelhando o combate à máfia. Outras medidas apareceram, em 1991, para relativizar os sigilos fiscal e societário. A Lei 197, do mesmo ano, aumentou o compartilhamento de informações entre órgãos de controle, e a 410 aperfeiçoou o programa de proteção a testemunhas.

“Massacre de Capaci”

:: LEIA MAIS »

VEREADORES CRITICAM SITUAÇÃO PRECÁRIA DAS ESTRADAS NA ZONA RURAL

A precária situação das estradas vicinais na zona rural foi alvo de muitas críticas da maioria dos parlamentares que falaram sexta-feira (dia 14/02) na sessão da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, que teve uma plenária bastante vazia, com ausência de alguns vereadores. De um modo geral, o legislativo cobrou mais atenção do poder executivo para com as periferias da cidade e as populações do campo que sofrem com a falta de serviços nos postos de saúde e fechamento de escolas.

O próprio Gilmar Ferraz, que há pouco deixou a Secretaria de Agricultura, fez várias reclamações sobre as necessidades vividas pelos moradores da zona rural. Ele demonstrou preocupação com as pessoas que têm problemas de necessidades especiais quanto a falta de assistência, especialmente no item atendimento à saúde.

O vereador Coriolano Moraes foi mais enfático ao fazer duras críticas com relação às estradas vicinais, principalmente na região do distrito de José Gonçalves. Citou, inclusive, que deixou de visitar alguns povoados nesta semana porque as estradas estavam sem condições de passagem de carros. “Gente, a área rural de Vitória da Conquista está abandonada”- clamou o parlamentar, acrescentando que o povo reza para não adoecer.

Outro que também levantou suas críticas quanto as estradas na zona rural foi o vereador “Bibia”. A colega Lúcia Rocha condenou o fechamento de uma escola no povoado de Malhada e pediu à Prefeitura Municipal que reforme o posto de saúde da localidade. Em sua fala, reivindicou também serviços de paisagismo (plantio de árvores) na Avenida Frei Benjamim, uma das maiores da cidade.

Nildma Ribeiro reclamou da precariedade em que se encontra a unidade de saúde Nelson Barros, no Bairro do Kadija. Segundo ela, faltam medicamentos e equipamentos para atender a comunidade. Solicitou asfaltamento para o Bairro Cidade Modelo onde falta tudo, de acordo com a vereadora.

O parlamentar Rodrigo Moreira acusou o secretário de Transparência de falta de transparência em suas contas, sobretudo em relação às suas viagens que tiveram gastos de mais de 60 mil reais no ano passado. Chamando de Secretaria da “Intransparência”, acusou ainda o chefe da pasta de empregar pessoas de sua família na prefeitura, como mãe e ex-namorada.

Ele fez uma espécie de prestações de contas de sua atuação, mostrando preocupação quanto ao cumprimento da lei de estacionamentos privados onde o usuário deve pagar pelo tempo de uso do carro no local e não por hora fechada. Ele pediu das autoridades a cassação definitivo do alvará dos postos    de combustíveis que vendem produtos adulterados.

REVELAÇÕES

Numa foto poética como a do por-do- sol, muitas revelações estão nelas contidas. Pelo olhar de cada um, imagens diferentes vão aparecendo, como formatos de humanos, animais, objetos, casas na linha do horizonte, montanhas, árvores e outras visões que somente as lentes conseguem captar. Essa, do jornalista Jeremias Macário foi flagrada do alto da Serra do Periperi.  É imagem para reflexão e cada um faz sua oração, não importando qual religião, ou mesmo se for ateu e não tiver nenhuma. Cada um faz o seu texto porque a foto em si já é um texto. Faça o seu que toque o seu coração e até do outro que esteja ao seu lado. São revelações que saem do seu íntimo.

VOA MENTE!

Quero ser livre como o Condor;

Não seja dor e ódio, seja amor;

Seja semente com a sua mente.

 

Voa, voa mente inteligente!

Voa como no rasgo do falcão,

Cortando a linha do horizonte

Entre o céu azul daquele monte;

Voa mente dessa sofrida gente,

Do nascente ao vermelho poente;

Clareia toda a nossa imaginação.

 

Voa minha mente peregrina,

No meu intrincado pensamento;

Nas asas do gavião e do carcará,

Desta terra guerreira nordestina,

Onde lá vou eu plantando vento,

Para soprar as velas desse tempo,

De volta às raízes do meu luar.

 

Voa, voa mente em seus fragmentos;

Faz-me meditar como aquele monge;

Leva bem pra longe meus tormentos,

Pra o Olimpo da antiga sábia Grécia,

Onde possa desvendar a controvérsia;

Me tira desse caminho curvo escuro,

E ilumina meu presente para o futuro

O ESPETÁCULO DA CORRUPÇÃO – COMO UM SISTEMA CORRUPTO E O MODO DE COMBATÊ-LO ESTÃO DESTRUINDO O PAÍS (PARTE I)

Não sou contra ao combate à corrupção, nem condeno a Operação Lava Jato, mas critico a falta de um planejamento ordenado entre todos os órgãos do governo federal para que a economia do país (as grandes empresas e conglomerados) e a política não sejam esfaceladas e destruídas. Precisamos preservar e salvar o patrimônio nacional. “Não é necessário destruir o capitalismo para combater a corrupção”.

Esta é a posição resumida do advogado especializado em litígios empresariais, Walfrido Warde, em seu livro “ O espetáculo da corrupção como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país”. A obra “denuncia a falta de planejamento, que dá causa a uma automutilação desnecessária e oligofrênica”.

ALTERNATIVAS JURÍDICAS

A princípio, discordo em alguns pontos, e aproveito aqui para citar aquele conhecido ditado popular de que não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos, mas o autor apresenta sugestões e alternativas jurídicas, de modo a não provocar o desmantelamento das empresas e, consequentemente, provocar um caos social com milhões de desempregos.

É um livro que merece ser lido e entendido porque o autor aponta as falhas do combate à corrupção e da Operação Lava Jato no Brasil, dentro da sua ótica jurídica, além de enumerar as diversas operações ao longo dos últimos anos. Também faz um histórico interessante sobre as máfias italiana, russa e japonesa e suas ramificações nos Estados Unidos através da imigração de seus chefes para aquele país.

De acordo com Walfrido, logo na abertura de sua obra, a questão exige uma política que articule os órgãos e os agentes públicos envolvidos, que sincronize as suas ações, “que dê fim a uma disputa vergonhosa e paralisante por protagonismo. Ele indica uma “política que coíba a espetacularização e, ao mesmo tempo, a banalização da corrupção e do seu combate”.  Uma política capaz de separar o que tem utilidade daquilo que não presta, e que prefira o pleno ressarcimento dos cofres públicos, ao invés da vingança.

Causas da desigualdade social

Em sua opinião, está faltando o zelo pelos interesses nacionais. Destaca que a corrupção é uma das mais importantes causas da desigualdade. Para ele, a disciplina jurídica do financiamento de campanhas eleitorais é um vaso quebrado. Analisa que “rompeu com o financiamento empresarial, mas não afastou o poder econômico do jogo político que se faz sentir por um claudicante regramento das doações de pessoas físicas”.

Afirma o advogado que existem um modelo mambembe de financiamento público e a ganância de políticos insaciáveis, alimentando a expansão do crime organizado, para ajudar a corromper ao invés de depurar o sistema. “Enquanto não racionalizarmos e democratizarmos o financiamento público… os mais ricos tratarão de fazer com que seus votos se multipliquem e valham mais do que o do cidadão comum”.

É enfático quando declara que mentem quem afirma que acabaremos com a corrupção por meio do encarceramento dos corruptos e dos corruptores. O que se tem feito é a demonização da política e a destruição empresarial que gravita em torno da corrupção. Acredita que não existe êxito se não for feito um trabalho sobre as causas da corrupção, ao criticar a indisciplina jurídica.

:: LEIA MAIS »

CARNAVAL E OS DEZ ANOS DO SARAU

Todo caracterizado a rigor com o traje de “Muquirana”, o professor graduado em história, Clovis Carvalho, proferiu uma brilhante palestra sobre “O Carnaval e suas Origens até os Tempos Atuais”, tema do “Sarau A Estrada”, o primeiro do ano de 2020, realizado no último sábado, dia 8 de fevereiro, com a participação de mais de 20 pessoas que prestigiaram o evento.

Antes do bate-papo sobre o assunto, que faz parte da abertura dos trabalhos da noite, com cantorias musicais, declamação de poemas, piadas e causos diversos, houve uma discussão entre o grupo presente sobre a programação comemorativa da história dos dez anos do Sarau, a completar no próximo mês de julho. Durante todo este tempo de atividades culturais, foram muitos temas discutidos, muita troca de ideias e aprendizagem entre os mais assíduos frequentadores aos visitantes convidados.

A princípio, ficou definida a apresentação de um show com artistas que frequentam o Sarau e convidados, a ser realizada no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, na segunda quinzena de julho, com bilheteria paga. Toda programação comemorativa do projeto será elaborada por uma comissão do evento, que ficou encarregada dos preparativos, divulgação, nomes dos artistas e outros detalhes.

Carnaval e suas origens

Não somente o palestrante, muitos fizeram questão de se fantasiar, de acordo com o tema. O “Espaço Cultural a Estrada” recebeu grandes quantidade de serpentinas, fitas, máscaras e outros adereços que lembraram os velhos carnavais de antigamente.

Clovis Carvalho fez um estudo aprofundado do assunto, dizendo que carnaval é um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma. Os principais eventos, de acordo com ele, ocorrem durante fevereiro ou início de março. É uma festa pública de rua que usa elementos circenses e máscaras. Nessas festas, as pessoas usam trajes, permitindo-lhes perder a sua identidade.

Segundo sua pesquisa, o termo carnaval é tradicionalmente usado com uma grande presença católica, mas também tem suas tradições em países luteranos, anglicanos e metodistas. O carnaval moderno é produto da sociedade vitoriana do século XIX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspiraram no carnaval parisiense.

Quanto a etimologia, Clovis destacou que a palavra vem da expressão do latim “tardio carne vale”, que significa “adeus à carne”, do jejum que se aproxima. No entanto, existe também o termo “carne levare”, do italiano que quer dizer “remover a carne”.

No que diz respeito às suas origens, entre os egípcios havia as festas de Ísis e do boi Ápis. Entre os hebreus, a festa das sortes; entre os gregos antigos, as bacanais; e na Roma antiga, as lupercais, celebradas no dia 14 de fevereiro. Do ponto de vista antropológico, o carnaval é um ritual de reversão afirmou.

Ainda sobre o tema, o palestrante fez uma viagem pela Idade Média, lembrando que em muitos sermões e textos cristãos, o exemplo de uma embarcação é usado para explicar a doutrina cristã: a nave da igreja do batismo, o navio de Maria. “Os escritos mostram que eram realizadas procissões com carruagens semelhantes a navios, e festas suntuosas eram celebradas na véspera da Quaresma, ou a saudação da primavera no início da Idade Média.

No Brasil, Salvador e Conquista

Clovis também discorre sobre a cristianização das festividades e a data, sempre 47 dias antes da Páscoa. No Brasil, a festa é uma parte importante da cultura brasileira e, às vezes, referida como o maior espetáculo da terra. O pesquisador do assunto, cita Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, como autora da primeira marcha carnavalesca com a letra “Ó Abre Alas”. Disse ainda que a festa do Rio de Janeiro, conforme o Guinness Records, é considerada a maior do mundo, com aproximadamente dois milhões de pessoas.

O palestrante fez também um passeio pelos carnavais de Recife-Olinda, tendo o “Galo da Madrugada” como o maior bloco do mundo; o carnaval de Salvador, com seus trios elétricos, puxando canções com gêneros os maisvariados, como o axé, arrocha, samba-reggae e outros, até chegar ao carnaval de Vitória da Conquista, a micareta e o atual no formato cultural, a partir de 2011.

De acordo com o estudo de Clovis, o primeiro carnaval de rua de Vitória da Conquista aconteceu no dia 27 de fevereiro de 1927, com apresentação de cordões e blocos. O tipógrafo Waldemar Coutinho, que veio de Itabuna, em 1924, juntamente com alfaiates, organizou o primeiro bloco de nome “O Mau Jeito”, escrito com G, pelo fato do estandarte ser a figura de um Arlequim sentado com as pernas levantadas. Em 1934, o carnaval foi bastante animado com o cordão “Varieté”. Em 1950, o jornalista Anibal Lopes Viana organizou o cordão “Desculpe o Mau Jeito” em alusão ao primeiro.

Clovis Carvalho faz um histórico sobre os carnavais da cidade nos anos de 1974 a 1981, com trios elétricos vindos de Feira de Santana e Ubatã, destacando o bloco “Apaches” como campeão de 1975, seguidos de “Tengo-Tengo”, “Tico-Tico no Fubá”, “Secos e Molhados” e outros, até chegar na Micareta, em 1989, que acontecia entre final de abril e início de maio de cada ano, com grandes artistas da música baiana, como Gilberto Gil, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Luiz Caldas e tantos outros. Faz referência à participação do Massicas e Tôa a Tôa que arrastavam multidões.

Para concluir seu trabalho, o palestrante descreveu sobre a volta do carnaval cultural, em 2011, e falou do importante CD gravado por Lúcia Lula e idealizado por Carlos Jehovah e Esechias Araújo Lima, com direção geral do maestro Abdalan Gama Cândido. Entre as músicas cantadas nos carnavais da cidade, cita Calundu, Cochilão, O Sonhador, Os Coroas, Desbocada, Folia de Conquista, Cordão da Saudade, Pega, Pega esta Barata, As Periquitas entre outras.

Após sua apresentação, o professor Itamar Aguiar, um dos organizadores da Micareta, quando era secretário do prefeito Murilo Mármore, o jornalista Jeremias Macário, o músico Baducha, Walter Lajes, Mano Di Souza, Marta Moreno e outros presentes fizeram suas considerações finais.

Como sempre, não faltaram as cantorias de Baducha e Walter Lajes, com canções carnavalescas que lembraram os velhos tempos. Como não poderia deixar de acontecer, todos entraram na folia no ritmo do tema. Edna, a mais fantasiada da festa, Vandilza Gonçalves, a anfitriã da casa, Cleide, Rôse, a cantora Marta Moreno e Céu foram as mais animadas. Já pela madrugada, depois das geladas e do vinho, todos degustaram as delícias do tira-gosto de bode, muito bem preparado por Vandilza. Ainda teve tempo para declamação de poemas e causos, puxados pelo nosso amigo Jhesus.

CÂMARA ABRE TRABALHOS COM BALANÇOS, AGRADECIMENTOS E CRÍTICAS POLÍTICAS

As palavras de agradecimento do prefeito Hérzem Gusmão, na abertura dos trabalhos do novo ano de 2020 da Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista, na primeira sessão de ontem (dia 07/02), foram dando lugar a alfinetadas políticas contra os governos passados do PT, principalmente quanto a questão do transporte público, segundo ele, um caos quando assumiu a prefeitura há três anos.

Logo após o discurso do presidente da Casa, Luciano Gomes, o prefeito usou a tribuna e começou agradecendo o legislativo pela aprovação dos projetos encaminhados pelo executivo, citando os pedidos de empréstimos para obras de infraestrutura da cidade, a criação da guarda municipal, o plano diretor urbano ainda em tramitação, dentre outros que estão viabilizando mudanças de melhorias para a comunidade.

Uma das sessões da Câmara de Vereadores em 2019 – foto de Jeremias macário

Críticas políticas

Seus agradecimentos se estenderam também aos servidores públicos em geral, com destaque para seu secretariado, mesmo aqueles que já deixaram o governo e prestaram bons serviços à população. A partir daí o prefeito, passou a tecer uma série de críticas políticas aos governos passados (estamos em ano eleitoral), como a difícil situação das finanças do município e do estado de falência da empresa Emurc, que realiza projetos de construção, e foi reerguida em seu mandato ainda vigente.

Hérzem Gusmão, durante sua fala, fez um balanço de suas atividades nestes três anos de governo, como reforma de praças, abertura de calçadões na cidade, asfaltamento de ruas e avenidas no centro e em diversos bairros, estruturação do transporte público com a contratação de empresas para substituir a falência da Viação Vitória, serviços na área de mobilidade urbana no sentido de desafogar mais o tráfego de veículos e ordenamento na Secretaria de Educação, com  aplicação de medidas de aprendizagem aos moldes do município do Sobral, no Ceará, onde ele esteve em visita.

Além de outras obras enumeradas em seu relatório de improviso, Gusmão disse que neste ano vai realizar muito mais por Conquista, como a reforma do Terminal Lauro de Freitas, a instalação da guarda municipal e o plano de saneamento básico em parceria com a Embasa, que ainda se encontra em estudo, para ser aprovado pela Câmara. Apesar de não contar com a maioria do legislativo, conforme assinalou, Hérzem afirmou que tem a aprovação da maior parte da população e também de opositores que depositam confiança em seu trabalho.

Agradecimentos e uma CPI frustrada

Coube ao presidente da Câmara, Luciano Gomes, abrir os trabalhos da primeira sessão do ano, depois dos hinos nacional e de Conquista. Também fez seus agradecimentos a todos os 21 colegas da Casa, aos servidores e acrescentou que o legislativo cumpriu com seu papel em 2019, mantendo a sua independência, mas atuando de forma harmônica com o poder público municipal em benefício do município.

Em números, apontou os projetos de lei aprovados, as moções de aplausos, as indicações, requerimentos feitos e o trabalho das comissões, como a CPI que investigou os altos preços dos combustíveis cobrados na cidade. Luciano citou outras atividades realizadas e adiantou que, com coragem, independência e firmeza, a Casa vai continuar sendo do povo. Lembrou da implantação do Memorial da Câmara, e aproveitou para convidar a população para prestigiar a exposição que será realizada no mesmo espaço em homenagem aos ex-presidentes, no próximo dia 13.

Acontece que a CPI dos combustíveis, na verdade, terminou em frustação para os consumidores que são obrigados a pagar o custo do cartel existente entre os donos dos postos. Em relação a outras cidades, os preços por litro de combustível estão entre os maiores do Estado, embora o produto seja transportado de Jequié, distante apenas 150 quilômetros de Conquista.

 

 





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia