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:: 19/fev/2020 . 21:15

MUITA CONVERSA FORA E POUCA EDUCAÇÃO NA SESSÃO DA CÂMARA

As sessões da Câmara de Vereadores de Conquista estão mais parecendo com uma feira de pechincha de verduras em geral. A de ontem (dia 19/02) não foi diferente. A plateia do auditório não para de falar alto e até mesmo os parlamentares em suas bancadas trocam conversas paralelas, enquanto o colega faz seu pronunciamento na tribuna. Quase não se ouve nada.

Os professores da rede estadual de ensino (mais de mil) estiveram ontem na Câmara apresentando suas reivindicações trabalhistas e de outros benefícios ao Governo do Estado. Na oportunidade, solicitaram o apoio da Casa e da sociedade, mas, na verdade, o que houve foi muita conversa fora e pouca educação, quando deveria ter sido o assunto mais comentado.

Mesa diretora em uma das sessões da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. Foto Jeremias Macário

Apenas alguns vereadores tocaram no assunto, e o mais surpreendente saiu da boca do parlamentar David Salomão, que pediu ao presidente da República uma intervenção na Bahia por causa da morte do miliciano Adriano da Nóbrega, segundo ele, um militar honrado que foi executado pela polícia militar como queima de arquivo. Disse que não existe mais ordem no Governo do PT, o que justifica uma intervenção do governo federal. Na ocasião, fez duras críticas ao judiciário que se utiliza do poder para vender sentenças.

Pauta de reivindicações

O professor Genivan Nery, diretor de Comunicação da Associação, usou a Tribuna Livre para falar em nome da categoria, que ao longo dos anos, vem perdendo uma série de conquistas, prejudicando mais ainda o nível de ensino que já é precário na Bahia e no Brasil por falta de prioridade dos governantes.

Na pauta de reivindicações, Genivan citou a questão do reajuste linear de 12,83%, uma vez que o governador Rui Costa deu aumento apenas para o pessoal que está no padrão E – grau IV da tabela, quebrando assim o plano de carreira da categoria que começa com o professor de magistério.

Outra solicitação é a revogação da emenda 26/.2020 que muda os parâmetros de aposentadoria para professores e demais servidores do estado, de forma unilateral, no momento em que os professores estavam em férias. “É bom lembrar que a reforma de Rui Costa é bem pior que a do governo federal”.

Outro tema abordado foi o relacionado à suspensão do novo ensino médio. “A ausência de discussão com os professores está patente com os docentes, especialmente eles que são os responsáveis pela implementação da política pública de educação.

Outro ponto importante abordado diz respeito ao fechamento e a municipalização de escolas, deixando vários professores sem local de trabalho. “Estamos buscando junto ao governo a agilidade no encaminhamento de aposentadorias que estão represadas em suas vagas”.

De acordo com Genivan e membros da Associação dos Professores, a classe está paralisada em suas atividades até amanhã (dia 20/02) e pretende retomar a greve se não houver um diálogo com a Secretaria de Educação do Estado, de forma que suas reivindicações sejam atendidas. Um professor que ensina em Caetanos, cerca de 90 quilômetros de Conquista, afirmou que não conta com ajuda de transporte e outros benefícios a que tem direito.

Apenas os vereadores Coriolano Moraes, Custódio e Nildma Ribeiro deram mais ênfase ao problema da educação, afirmando não ser possível que o professor, a mais importante profissão, continue sendo desprestigiada em seu trabalho fatigante de repassar conhecimento e saber para os jovens estudantes. Segundo Coriolano, a educação deve ser prioridade das políticas dos governos.

Crítica contra o presidente

O parlamentar Custódio focou mais no problema local da educação, denunciando que muitas crianças no município estão sem estudar, e criticou as péssimas condições das escolas, sem contar que outras deixaram de existir em muitos povoados.

Nildma Ribeiro, além de defender as reivindicações dos professores estaduais, expressou seu tom de revolta contra o presidente da República no que se refere às ofensas misóginas dirigidas à jornalista Patrícia Campos Mello, com sentido sexista e de baixo nível. Disse que todas mulheres precisam reagir contra essas provocações preconceituosas.

No mais, os parlamentares criticaram as péssimas condições em que se encontram as estradas vicinais da zona rural, muitas das quais intransitáveis, como destacou Coriolano Moraes. Outros cobraram do poder público a construção de mais obras de asfaltamento, infraestrutura e estruturação dos postos de saúde nos bairros periféricos.

O CARNAVAL E A CONCENTRAÇÃO DE RENDA

Durante o mês de fevereiro o país, que há anos já vem sofrendo uma profunda crise econômica, praticamente paralisa suas atividades para as falias momescas, onde o rico fica mais rico e o pobre mais pobre, aumentando assim a concentração de renda e as desigualdades sociais que estão entre as maiores do mundo.

Os protagonistas da festa – prefeitos, governadores, empresários e a própria mídia – com suas falsas propagandas demagógicas jogam luzes na plateia famélica para extravasar suas emoções e frustações de que a festa oferece milhões de empregos, e que vale a pena investir milhões de reais dos cofres públicos em detrimento da educação e da saúde.

Todos ficam contentes e felizes, e já com o seu escasso pão, se contentam apenas com o circo. A multidão desvairada arrasta chinelo no asfalto, enquanto a elite se deleita do alto de seus camarotes fazendo cálculos de seus pomposos lucros no final da bagaceira.

Os políticos de plantão no poder municipal e estadual, principalmente, disputam seus espaços para ver quem ganha mais voto. Os donos de trios elétricos, de bandas, de agências de viagens, de hotéis, das indústrias de bebidas e dos camarotes fazem a engorda, colhendo a supersafra.

Os pobres ouvem o canto da sereia e eufóricos entram na festa dos ricos, dizendo a si mesmos que é tempo de desabafar suas mágoas e esquecer as durezas da vida escrava. Pulam como pipocas na panela, gastam o pouco que têm e ainda ficam endividados no arrastão das ressacas.

Tem gente que torra até o dinheiro da feira e deixa a família em necessidade, mas não perde o carnaval de mais de uma semana de puro lixo musical e porrada da polícia. Com sacrifício e sofrimento, (dormem nas ruas) muitos montam suas barraquinhas de comidas e bebidas para no final ganhar uns míseros trocados, quando não saem tristes diante do prejuízo.

A classe média mais baixa, que prefere ficar longe do fuzuê maluco, entra na onda dos mais ricos e estouram todo o dinheirinho numa viagem de passeio para as praias ou locais turísticos onde deixam suas parcas economias nas mãos dos hoteleiros. Muitos até ficam sem pagar as mensalidades escolares dos filhos, que nos colégios passam vergonha pelo atraso dos pais.

Nesta época, os movimentos nas estradas se elevam, e os acidentes com feridos e mortes são assustadores, o que resulta em mais gastos para o sistema de saúde que já está em total calamidade. Mesmo assim, num país em crise, com milhões desempregados e vivendo na extrema pobreza, eles tentam incutir e convencer que vale a pena investir milhões, para oferecer umas vaguinhas temporários, utilizando mão-de-obra escrava.

É assim o cenário dessa Roma do circo sem pão onde o ano de atividades só começa mesmo a partir de março. Na volta da ressaca, o pobre está mais pobre, e o rico mais rico, curtindo suas mordomias. Logo depois aparecem os feriadões de final de semana e tudo volta ao mesmo ciclo da decadência. A mídia adora, e também leva seu quinhão à custa dos otários que entram na manada em disparada.





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