Há dez anos o nível de desempenho em matemática, ciências e interpretação de texto dos estudantes brasileiros no Pisa não evoluiu e está entre os piores do mundo, conforme reportagem da Revista ISTOÈ.

O ministro da Educação, nome de difícil pronúncia, respondeu que a culpa é do PT que, se indagado, culparia o Governo de Fernando Henrique Cardoso, que vai culpar Fernando Collor, que vai jogar a responsabilidade na ditadura civil-militar de 1964, que vai culpar Jango, e este passar a bola para Juscelino e Getúlio Vargas, e por aí vai até chegar a Pedro Alvares Cabral, que para aqui trouxe degredados e ladrões corruptos, e ao rei de Portugal Dom Manuel.

Educação nunca foi prioridade

A verdade é que na história do Brasil, nenhum governo tomou uma decisão de priorizar a educação porque sempre preferiu deixar o povo na ignorância para não ter consciência política para cobrar pelos seus direitos; protestar contra as injustiças sociais; e aprender a votar em candidatos honestos e bem intencionados com a melhoria do povo brasileiro.

O atual governo do seu capitão, senhor ministro, que mandou cortar verbas na educação e programas sociais, para reduzir o déficit fiscal à custa do sacrifício da população (sempre paga o pato), não tem nenhuma moral para culpar qualquer governo que seja, principalmente porque sua administração nessa área é péssima e não serve de exemplo.

Portanto, o baixo nível na educação, considerado um dos piores do mundo é vergonhoso, e essa questão é secular. A culpa é de Cabral, não o ladrão do Rio de Janeiro. Nos tempos coloniais, só os senhores de engenho mandavam seus filhos para as universidades de Portugal e Inglaterra. No império, 80 ou 90% da população eram analfabetas, e o sistema patriarcal proibia a mulher de estudar. A República, até os dias atuais, preferiu deixar o povo burro, e a situação sempre foi de deterioração do ensino.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um alerta de que cerca de dois milhões de crianças e adolescentes não voltam às aulas neste ano no país. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, informam que, em Ibicuí, na Bahia, por exemplo, a evasão chega a 31,2%, do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental na zona rural.

De mal a pior

A reportagem da revista diz que “a educação vai de mal a pior no Brasil. As escolas estão ensinando menos do que o necessário e os alunos não estão aprendendo o suficiente. O modelo de ensino adotado no País vem se mostrando pouco eficaz e improdutivo e vai comprometer o desenvolvimento econômico futuro”.

De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os últimos dez anos foram de estagnação no nível de desempenho escolar dos alunos brasileiros.

O texto continua revelando que o levantamento, referente a 2018, envolveu 600 mil alunos do ensino médio de 79 países, todos na faixa etária de 15 anos. Os estudantes foram avaliados em matemática, ciências e em capacidade de leitura.

“O Brasil, onde 10,7 mil alunos de 638 escolas fizeram as provas do Pisa, perdeu posições em matemática, ficando em 70º lugar, e em ciências, situando-se na 66º posição. Em leitura houve uma ligeira melhora, e os estudantes locais ficaram em 57º lugar. Na média geral, o País ficou entre os 20 países com pior avaliação. As notas brasileiras ficaram muito abaixo dos alunos dos países da OCDE, considerados referência em qualidade de educação”.

Proficiência mínima

“Em matemática, enquanto a média dos países desenvolvidos chegou a 489 pontos, o Brasil atingiu pífios 384 pontos. Em ciências, a pontuação brasileira atingiu 404 pontos, ante 489 dos países da OCDE. E em leitura, a nota local foi de 413 e a dos países com melhor desempenho alcançou 487 pontos.

Os resultados do Pisa indicam que 43% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível 2, considerado a proficiência mínima da OCDE em matemática, ciências e leitura. Entre os países da OCDE, apenas 13,4% dos alunos apresentaram esse fraco desempenho. As melhores notas da avaliação foram alcançadas por alunos da China, Cingapura, Macau e Hong Kong.

“O ministro da Educação, Abraham Weintraub, bem ao seu estilo avacalhador, se eximiu de responsabilidade pela baixa classificação brasileira no Pisa. Segundo ele, a “culpa é integralmente do PT”. “Esse governo não tem nada a ver com o Pisa”, diz.

Escolas públicas

Para o professor do Insper Sérgio Firpo, especialista em economia da educação, os resultados do Pisa refletem a baixa qualidade do ensino no País, especialmente nas escolas públicas. “A gente está muito abaixo de onde poderia estar”, diz Firpo. “Se essa situação se eternizar, boa parte de nossa população estará condenada a trabalhos com baixíssima produtividade, o que afetará nosso desenvolvimento econômico nos próximos anos”. Para Firpo, a precariedade do ensino é uma das razões da desigualdade social. Quatro entre dez adolescentes brasileiros atualmente na escola são incapazes de identificar a ideia principal de um texto, interpretar gráficos, resolver problemas com números inteiros e de entender um experimento científico elementar.

Apesar dos números ruins da educação brasileira e das barreiras para a inclusão escolar dos alunos de baixa renda, a OCDE destacou que o País conseguiu aumentar, consideravelmente, o número de adolescentes matriculados nas escolas sem que isso tenha levado a uma queda da nota média dos estudantes avaliados.

Desde 2000, o Brasil tem apresentado aumento na atração de alunos no ensino fundamental. Entre 2003 e 2012, o País garantiu a permanência de mais de 500 mil estudantes de 15 anos no sistema de ensino. Mesmo assim, os números de evasão escolar ainda assustam. Quatro em cada dez brasileiros de 19 anos não terminaram o ensino médio no ano passado. Mais da metade dessa população que deixou a escola parou de estudar no ensino fundamental. Esses estudantes poderiam, por exemplo, estar fazendo cursos técnicos e se aprimorando em alguma especialidade.

Segundo Firmo, para reverter a situação, o ensino médio deveria ter um currículo mais interessante e um conteúdo mais atraente para os jovens estudantes.“Uma coisa que a gente faz pouco no Brasil é copiar modelos internos de sucesso, como o de Sobral (CE)”, diz o professor. Esse seria um caminho para melhorar a educação no País: copiar as experiências que dão certo “Outro grande problema é a falta de estrutura e de gestão das escolas e das redes de ensino”. O Brasil tem que fazer a lição de casa e dar um salto de qualidade na educação. Vamos ver se o atual governo será capaz de melhorar a nota dos alunos brasileiros no Pisa daqui a três anos”.