Poema mais novo do jornalista Jeremias Macário, nas asas da inspiração.

Estava eu em minha solitária cabana;

Lá fora, como coiote o vento uivava;

E trava o diálogo entre o Pai e o Filho,

Sobre esta humanidade tirana e sacana.

 

Corri brenhas do Nordeste cangaceiro;

Na sina assassina do jumento tropeiro,

E vaguei pelo mundo do mano cigano,

Perambulando errante de norte ao sul,

Como nas mensagens do poeta Raul.

 

No meu eu solitário, com meu ideário,

Encarei que já estamos no juízo final

Da terra revolta no aquecimento global

Pela insana ganância da perversa criatura,

Que sempre tentou devorar a sua natura.

 

Vaguei no imaginário do meu solitário;

Das flores que um dia cobriam a colina,

E entrou a bela morena na minha retina;

Encarnada em mim como um relicário,

Numa doce mistura de apego e chamego.

 

Nas contas do meu eu solitário rosário,

Contei moinhos de tristezas e alegrias,

Umas de marcas e outras vivas sangrias,

Tempo, vida e morte correndo estações,

Fumaças malucas em noites de visões.

 

Cada um faz sua passageira travessia,

No seu eu, traçando a sua própria via,

Não importa qual o seu tipo de oração,

Se tem medo da chuva, ou da solidão.