:: 21/nov/2019 . 23:55
BALANÇA PRA LÁ…
Olha o balanço das árvores,
que o vento dá,
balança pra lá, balança pra cá,
depois começa tudo,
como nas ondas do mar.
Olha o tempo passando,
ligeiro e devagar;
olha a morte chegando,
com a sentença de Alá.
Parte rasgando o avião,
lotado de gente zumbi;
criaturas saem da terra,
e aparecem como saci.
Olha a dança das folhas,
girando pra lá e pra cá,
levando saudades no ar.
Na avenida zunem os tiros;
balas voam perdidas;
criança tomba no asfalto,
no ataque dos vampiros.
Carnaval de sunga suada;
empurra pra lá e pra cá;
pula, pula a pipocada,
no axé de arrocha cambada.
Vadia a bela, ou a feia,
na orgia da bundada;
balança pra lá e pra cá,
pra gringo e nativo
namorar sua sereia.
No sol do meu sertão,
balança o pau-de-arara,
cortando o cinzento chão
de espinho, fogo e vara,
na poeira da estrada.
Virgulino, meu capitão,
que diz dessa nossa vida,
e da traiçoeira morte,
sem aviso e sem razão;
que diz da canção,
de Vandré que chora,
mandando fazer a hora.
- 1