:: 16/ago/2019 . 2:19
VAI NO BANCO MESMO
É duro, mas vai no banco mesmo. O corpo já não aguenta mais. O sono pode ser em qualquer lugar, no chão da praça ou no banco com um papelão para aliviar a dureza. São milhares que vivem assim no nosso país tão desigual, como neste flagrante do jornalista Jeremias Macário. Vida difícil, e sem mais comentários. Essa imagem é para refletir. Cada um tire suas conclusões.
O CARA DO MAL
Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Esquartejei em pedaços o Cristo;
deixei morrer de fome africanos,
nas atrocidades sempre persisto,
e até joguei bombas em ciganos.
Estuprei a natureza e não gozei;
queimei mendigo, índio e gay;
fui exterminador dos pantanais,
e grelhei vivo muitos animais.
Com o lema da usura e avareza,
fui um cara-de-pau com certeza;
carrasco nos tempos romanos,
me juntei com todos os tiranos.
Bebi o sangue do bode preto,
na encruzilhada dos canaviais;
pratiquei o ritual dos canibais;
e do satanás divulgue panfleto.
Num macabro canto do mal,
como uma besta fera do astral,
fui um sanguinário cruzado,
banhando de sangue o condado.
Pratiquei todo tipo de sujeira;
acabei com uma aldeia inteira;
roubei os cobertores do inverno;
e mandei todo mundo pro inferno.
Tirei doce da boca de criança;
com os malfeitores fiz aliança;
tinha aparência de um carneiro,
para ser mesmo um carniceiro.
Torturei muita gente nos porões;
incinerei corpos em ricos casarões;
degolei muitas cabeças do bem,
e hoje ouço gritos e vozes do além.
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