No mês de junho percorri muitos trechos da Bahia, saindo de Vitória da Conquista a Salvador e depois ao norte até Juazeiro e retornando por várias cidades da Chapada Diamantina e tive a curiosidade de observar os preços da gasolina nos postos por onde transitava. Constatei que o custo da gasolina em Conquista é o mais alto, só igualando em algumas unidades a Juazeiro por motivos de distância, mais de 500 quilômetros de Salvador, enquanto aqui o combustível é transportado a 150 quilômetros, em Jequié.

Confesso que passei toda viagem comentando o fato e fui até um chato revoltado. Na minha cabeça, e acho que na de todos os conquistenses, a única explicação é que aqui existe um cartel dos empresários, uma máfia do monopólio, e nada é feito pelas autoridades (poder público, procuradoria pública, promotores, Procon e a sociedade em geral) para desbancar esse complô contra os consumidores que já penam com outros preços altos dos combustíveis, inclusive o gás de cozinha.

VAI BAIXANDO

Basta sair da cidade que o preço vai baixando a partir do Bairro Lagoa das Flores, em patamares diferentes. Vi gasolina de R$4,34 o litro em Milagres a cerca de 150 quilômetros de Jequié onde se encontram os dutos da Petrobrás. Descendo até Salvador não se encontra uma tabela que se iguale a Conquista em termos de custo. Diante do absurdo e da afronta ao povo conquistense, sempre lembrava que esta cidade, chamada erradamente de suíça baiana, já teve os preços mais baixos da Bahia.

No outro roteiro, cortando parte da Chapada até Juazeiro, fiz questão de fazer a mesma coisa, olhando as bombas, com tabelas bem mais baixas que Conquista, variando de R$4,38, 4, 42, 4,46, 4,48, 4,56, 4,60, 4,65 nas cidades de Iaçu, Itaberaba, Ruy Barbosa, Macajuba, Baixa Grande, Mairí, Capim Groso e só aumentando um pouco a partir de Senhor do Bonfim até Juazeiro. Passei também por Jacobina, Piritiba e Mundo Novo, e não vi coisa igual como nos postos de Conquista.

Em outra rota, saindo daqui e entrando no sertão de Anagé, Aracatu, Brumado, Caetité, Guanambi e outras cidades, inclusive Bom Jesus da Lapa, Conquista também continua sendo campeã nos preços altos da gasolina, principalmente. Talvez pelo seu crescimento nos últimos anos, mais gente chegando, mais empresas e mais prédios e faculdades, Conquista tornou-se uma cidade de alto custo para se morar, não somente nos combustíveis, mas também em outros itens de consumo, inclusive na gastronomia, e olha que aqui não é uma zona urbana turística. É sempre a ganância do capitalismo que só pensa em lucrar mais e mais e tirar proveito da situação.

Quanto ao caso específico da gasolina, nesta semana alguns postos resolveram baixar os preços, mas ainda continuam altos em comparação a outras cidades da Bahia, conforme citadas. Pode ser apenas um disfarce, diante das pressões da Câmara de Vereadores com a CPI, da mídia e da provocação popular para que o Procon, O Ministério Público , Defensoria Pública e a própria OAB tomem providências conjuntas porque o consumidor não aguenta mais esse quartel, a única explicação cabível para se pagar preços tão altos e extorsivos.

Nas entrevistas só aparecem os gerentes dos postos tentando justificar o injustificável, e colocando sempre a culpa na cotação das importações da Petrobrás e outras companhias, e nos impostos, que são altos sim e escorchantes, mas convencem Conquista ter um dos preços mais altos da Bahia. Os donos e os representantes do sindicato dos patrões se blindam atrás de uma caixa preta que precisa ser aberta e punir os responsáveis por esse crime contra ao nosso povo conquistense.