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“FOI TUDO UMA BALELA DA COMISSÃO”

Ninguém foi morto pela ditadura civil-militar de 1964 (aliás, nem houve), inclusive na guerrilha do Araguaia, ninguém foi torturado, ninguém foi desaparecido e nem político foi perseguido por ter se posicionado contra o regime dos generais. Tudo foi criação da esquerda, e as organizações das lutas armadas mataram uns aos outros. “Foi tudo uma balela”, coisas desses comunistas sanguinários, matadores de criancinhas e idosos.

O mais espantoso, desumano e aterrador das declarações sobre os acontecimentos históricos do passado tenebroso, estamos agora ouvindo neste país há sete meses, e o mais grave, da boca de um capitão-presidente que outrora foi expulso do exército por indisciplina. Esse cara não bate bem da cabeça, e nunca deveria estar à frente de uma nação por tripudiar e jogar mais sal nas feridas abertas dos familiares que perderam país, mães, irmãos e parentes nos anos de chumbo, que ninguém quer mais que se repita.

Com sua atitude de sádico, ele contesta todos documentos e depoimentos que comprovam as mortes e os desaparecimentos de presos políticos (para o cara não passaram de vagabundos criminosos e terroristas), com versões chulas, só  com o intuito de confundir mais ainda a cabeça dos incultos e ignorantes que nada sabem da história do seu país, a não ser através de conversas de bêbados em portas de botequins.

Como brasileiro, sinto-me envergonhado e triste, principalmente quando tais barbaridades e sandices partem de um “presidente” da República, eleito pelo voto de raiva contra um partido de esquerda, que terminou por criar monstros e aberrações de quatro cabeças, os quais acham que ditadura só existiu e existe do outro lado das cortinas de ferro. Estamos num governo de retrocesso que acha que não tem viés ideológico. Seus seguidores só sabem abrir suas garras para criticar o outro governo da linha opositora que já passou e cujo chefe está preso.

POR QUE DESTRUÍRAM E QUEIMARAM?

Se “tudo foi uma balela” de uma Comissão de Estado, por que os centros de investigações das forças armadas, os departamentos de políticas investigativas opressoras, as delegacias, oficiais e generais desapareceram e queimaram documentos históricos de torturas, desaparecidos e mortes, como nos arredores do aeroporto de Salvador e em outros lugares?

Por que até hoje muitos arquivos chamados de “confidenciais”, depois de mais de cinquenta anos dos macabros episódios, não foram abertos ao público? Vá fazer uma pesquisa num quartel desses que serviu de porão de torturas e você encontrará a maior dificuldade. Os militares ainda dizem que são sigilosos e Segredo de Estado, como é o caso da Operação Condor que envolveu vários países da América do Sul, como Argentina, Chile e Uruguai que puniram os mandantes das carnificinas e atrocidades. Aqui no Brasil as feridas não foram fechadas, e decretaram uma anistia imposta.

Por essa e outras é que aparece um cara e quer acabar com a nossa memória, e dizer para essa geração que não mais ler, que nada sabe da sua história, que só sabe apertar parafusos, empregar a palavra competir, devassar a vida dos outros nas redes sociais e tudo faz por uma fama de 15 minutos, que não existiu ditadura, e que esse negócio de morte e desaparecidos “foi uma balela” de Comissão da Verdade.

Gostaria de saber o que pensam os generais e as forças armadas de hoje sobre essas declarações de negacionismos da nossa própria história. O que acham os quartéis de hoje de que tudo o que ocorreu durante o regime militar “foi uma balela”?  Estão todos de acordo? É um complô para destruir os fatos que aconteceram no passado? Nosso Brasil não merece isso, ter sua imagem tão deformada e vilipendiada lá fora? O pior é que a maioria ignara acredita que “tudo foi uma balela”.

Por termos uma educação de péssima qualidade e um nível cultural tão baixo, sem contar os fanáticos direitistas, é que é fácil enganar nossa população, transformando os vilões em vítimas, como agora no caso das revelações do Moro com os promotores da Operação Lava Jato, que por sinal se acabou. A grande mídia tem muita culpa nisso por contribuir para abafar os erros e ilícitos das classes e das castas dominantes.

 

 

 

NÃO FAÇA DEBOCHE COM NOSSO NORDESTE

Somos Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Ceará; de terra árida, semiárida; de espinhaço sertanejo cinzento retorcido pela seca e colorido de paisagens floridas das chuvas; de gente brava e forte; de pele negra e mestiça que nas veias corre o sangue da cultura popular, da poesia cantada em versos, do repente, do cordel, da oratória e dos intelectuais escritores que encantaram o Brasil e o mundo com suas lendas, mitos, seus contos e histórias. Somos o Nordeste rico e desértico empobrecido pelo abandono das políticas discriminatórias de governos a serviço do lucro do capital.

Somos sim, todos “Paraíbas” de Ariano Suassuna, de José Lins do Rego, de Geraldo Vandré, de Zé Ramalho, de Elba Ramalho, de grandes repentistas, cancioneiros e forrozeiros, e não do seu conceito chulo, ridículo e pejorativo, sr, capitão-presidente, que nega que exista fome no Brasil; desmente pesquisas de instituições renomadas como do IBGE, do Inpe que mapeia os desmatamentos, do Ibama e do IcmBio que querem preservar o meio ambiente; que pretende censurar nosso cinema e extinguir a Ancine; e que ainda insiste em dar um file mignon ao seu filho, colocando-o como Embaixador do país nos Estados Unidos porque aprendeu fritar um hambúrguer e entregar pizza em Washington.

A REPULSA NORDESTINA

Essas coisas sim, são ridículas e não merecem muitos comentários, mas a   repulsa dos nossos nordestinos e do Brasil, que está com sua imagem ferida, dilacerada e mal vista lá no exterior por ter um presidente de ideias retrógradas em gênero e grau, e que deseja destruir a natureza indicando uma jovem fazendeira inexperiente para cuidar de um parque de preservação. Nós nordestinos condenamos o retrocesso de pensamento e o preconceito contra o nosso povo trabalhador e honesto que construiu São Paulo, o sul e, para matar sua fome, serviu de escravo na extração da borracha no Amazonas para os senhores estrangeiros capitalistas. Milhares foram tratados como bichos, mortos e esquecidos nas florestas infernais infestadas de doenças.

Não venha avacalhar com sua mesquinhez nossa sofrida região, castigada pelas secas, e depois pedir desculpas cínicas, afirmando que adora o Nordeste durante a inauguração do Aeroporto Glauber Rocha (baiano) de Vitória da Conquista que, por sinal, foi um fiasco em termos de representação (nem as filhas Ava e Paloma do homenageado compareceram). Em repúdio ao ato do capitão-presidente, “pois considero oportunismo político o uso indevido do nome do meu pai” – disse Paloma Rocha, que achou melhor não vir ao evento. Seu protesto se estende contra o golpe à cultura e ao cinema brasileiro. A Câmara de Vereadores de Conquista não compareceu em decorrência da falta de participação popular na inauguração, e porque teve dificuldades para o credenciamento de seus membros, autoridades e da própria imprensa.

Então, sr. Capitão, não venha com este papo de Nordeste cabra da peste para agradar seus bajuladores, que não é essa a nossa identidade como gente decente. Para gostar e amar esta terra, esta região de tantas bravuras e conquistas, a revitalização do Rio São Francisco, o “Velho Chico”, cansado dos maltratos dos homens e do poder público que nele joga lixo e esgotos, já seria um gesto suficiente que redimiria sua sandice e seu desconhecimento sobre nós nordestinos, onde aqui aportou as primeiras naus de Cabral e os ancestrais da Ásia.

SOMOS NORDESTINOS

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Fotos do jornalista Jeremias Macário. O mundo admira as belezas da Chapada Diamantina, no Nordeste

Sinto-me orgulhoso de ser nordestino, sertanejo-catingueiro, e seu deboche me ofendeu profundamente, sr, capitão! Somos Bahia de Ruy Barbosa, de João Ubaldo Ribeiro, de Irmã Dulce, de Caetano Veloso, de Castro Alves, de Gil, de Jorge Amado, de Luiz Alberto Muniz Bandeira, de Gregório de Matos, de Euclides Neto e de tantos outros que honraram e ainda honram esta terra de pele negra, mulata e branca; do maior polo petroquímico da América do Sul, do sincretismo religiões, do carnaval, do samba, de belas praias litorâneas, da Chapada Diamantina, a mais admirada do mundo,  do cacau, do café e outras tantas riquezas naturais, minerais e industriais.

Somos o Nordeste das lutas e rebeliões pela independência do Brasil na Bahia, em Pernambuco e no Maranhão. Somos o Nordeste de Sergipe, de Tobias Barreto, de Alagoas, de Graciliano Ramos, de Pernambuco, de Gilberto Freire, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Patativa do Assaré, do rei do Baião Luiz Gonzaga e do Movimento Armorial de Ariano Suassuna com o resgate da nosso cultura do colonialismo estrangeiro, do Rio Grande do Norte, de Câmara Cascudo e do Ceará, de José de Alencar.

Somos o Nordeste do Maracatu, dos reisados rebequeiros, da cultura da gravura popular, da expressão cultural ibérica, negra e mestiça, do frevo, do forró, do Bumba Meu Boi, da resistência contra a ditadura e o fascismo que limitam e oprimem nossas mentes, do sol que clareia todo o Brasil, do turismo mundial, das capitais encantadoras, dos lençóis maranhenses, do Parnaíba, no Piauí, de Belchior, Fagner, Alceu Valença, do celeiro de frutas que abastece o país e manda para o exterior. Somos o Nordeste que não perde a fé em sua gente.

Somos o Nordeste que engrandece este Brasil tão roubado e sugado pelas elites e as castas da corte que não desapegam dos seus privilégios e mordomias, para restituir a dignidade e a justiça para o nosso povo brasileiro, principalmente o nordestino que muito tem a receber. Seu preconceito, sr. Capitão, só faz agravar e aumentar mais ainda a dívida social, política e econômica secular e bilionária dos governantes para com o Nordeste.

 

 

 

A CULTURA AUSENTE DA FESTA

Carlos Albán González – jornalista

Caro leitor, é concebível que se promova uma festa em homenagem ao filho mais cultuado de uma cidade e, nos discursos, com viés político, o nome do homenageado foi omitido? Os que ocuparam o palanque e se dirigiram a uma plateia, previamente escolhida, na inauguração do aeroporto, batizado com o nome de Glauber Rocha (1939-1981), “emporcalharam a memória de quem difundiu a cultura nacional”, como escreveu Henrique Cavalleiro, filho mais velho do cineasta conquistense, falecido há 38 anos.

A revolta de Henrique foi acompanhada por suas irmãs, que se recusaram a comparecer ao ato de inauguração. Paloma Rocha justificou a ausência, condenando o que classificou como oportunismo político do presidente Jair Bolsonaro “com o uso indevido do nome de meu pai, o que considero como mais um golpe contra a cultura brasileira, hoje ameaçada pela censura”.

Avra Rocha manifestou sua recusa em vir a Vitória da Conquista, reclamando, através das redes sociais, da “intenção política de se utilizar o nome do meu pai num projeto onde a cultura e a dignidade humana são manchadas por uma consciência sórdida”. Observou Avra que, nesse ano em que Glauber faria 80 anos, “faz-se necessário recordar a visão de um Brasil liberto, como ele sempre sonhou”.

A ofensiva contra a cultura nacional externada no ato do último dia 23 também foi comentada por outra descendente de um baiano que engrandeceu o nome do nosso país no exterior. Paloma, filha de Jorge Amado (1912-2001), ao fazer o lançamento da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), considerou um insulto ao povo baiano ter sido alijado da cerimônia.

Num passado recente, Jorge Amado, Glauber Rocha, Monteiro Lobato e Paulo Coelho, foram perseguidos – presos, torturados, censurados e exilados – por governos inimigos da cultura. Nos dias atuais já se notam no horizonte sinais de intimidação. No caso, a supressão do Ministério da Cultura, a filtragem a que serão submetidas obras do cinema nacional, e a provável revogação da Lei Rouanet.

A LITERATURA

Nessa atual fase de falta de incentivo à cultura, a literatura, observo, tem sido a mais desamparada. O escritor é obrigado a lutar contra os preços cobrados pelas gráficas; as exigências das editoras, a internet; a divulgação pelos meios de comunicação; a literatura portuguesa deixou de fazer parte do currículo do ensino fundamental nas escolas públicas; e o fechamento de livrarias.

Na verdade, o brasileiro não tem o hábito da leitura. Segundo a Associação Internacional de Leitura, nossos conterrâneos leem em média um livro por ano, enquanto chilenos, uruguaios e argentinos leem quatro: nos países desenvolvidos a média é de 20. Essa diferença se reflete no número de livrarias. O setor no Brasil vive sua maior crise, com as redes Saraiva e Cultura em processo de recuperação judicial. Nos últimos dez anos foram fechadas 21 mil lojas no Brasil. O número de estabelecimentos em atividade é menor do que Buenos Aires, capital da Argentina.

“ANDANÇAS” EM CONQUISTA

Conquistense por adoção, o baiano de Piritiba Jeremias Macário, com formação universitária em jornalismo, chefiou a Sucursal de “A Tarde”, por mais de uma década, em Vitória da Conquista. Nesse período, enriqueceu a cultura do sudoeste baiano, divulgando, através do jornal de maior circulação do Nordeste, as atividades culturais da região.

Seu amor à arte levou-o a criar o espaço cultural “A Estrada”, a promover saraus literários, a editar o blog “aestrada” e a lançar quatro livros.

Ultimamente, Jeremias vem sendo mais uma vítima da crise que desabou sobre a cultura e do não reconhecimento de uma parcela da população desta cidade, principalmente daqueles que se beneficiaram do jornalista que ele foi, por mais de 30 anos.

Para conseguir levar sua última obra – “Andanças – aos leitores, Jeremias se transformou num mascate literário, percorrendo o sertão baiano. Imita, mais de meio século depois, o cordelista José Gomes (1907-1964), conhecido como Cuíca de Santo Amaro. O irreverente trovador, temido pelos políticos, vendia os seus cordéis nas ruas e ladeiras de Salvador.

 

 

 

 

 

 

AS BELEZAS DO “VELHO CHICO”

Mesmo maltratado pelos homens que desmataram suas margens e jogaram lixo e esgotos no seu leito, sem falar na transposição e na exagerada irrigação, o Rio São Francisco, o “Velho Chico” ainda guarda suas belezas, como este pôr do sol  na orla de Juazeiro flagrado pelo jornalista Jeremias Macário com sua máquina, em suas andanças pelo sertão nordestino.

NOS BARES DA VIDA

Poema de autoria do jornalista Jeremias Macário

A inspiração aflora e o casal ao lado só namora

O papo rola com a turma do jogar conversa fora

Uns caras da saideira falam de política e fofocas

O poeta rabisca no guardanapo seu fiapo da letra

Canta uma canção de amor a viola cigana menina

Moucos das redes sociais navegam em suas locas

Num bar de Minas bateu asas o Clube da Esquina.

 

Nos bares da vida sempre tem freguês

Uns vão comemorar feliz suas glórias

Outros vão até lá suas mágoas consolar

Se está numa boa se diverte nas histórias

Se bate a crise toma pra esquecer a danada

Escutar o cancioneiro falar da mulher amada

Mesmo sabendo que a conta chega todo mês

 

Nos bares da vida discutem escritores e cordelistas

Olhares indiscretos trocam bilhetes com o garçom

Em Munique sentou num bar o corvo cruel da morte

O comuna Marx brigou com o anarquista Proudhon

Nas tabernas, bárbaros juraram derrubar os romanos

Num bar de Gori, Stalin tirano tramou a queda do czar

Hemingway tomava a santa cana na Bodeguita cubana.

 

Saiu o manifesto Bola-Bola Cinema Novo no Alcazar

No Vermelhinho cruzaram militantes contra a ditadura

O surrealismo francês ternura nasceu no Cyrano de Paris

Artistas baianos curtiram noites no Anjo Azul e Tabaris

Nas etílicas tintas das matérias escolheram seus pincéis

Naquele bar atiraram pistoleiros e jagunços dos coronéis

Nos bares da vida, sempre existiu aquele histórico bar.

 

 

 

 

“ANDANÇAS” NA NOBEL E NA CENTRAL

Depois dos lançamento no dia 14 de junho, na Casa Regi Pacheco, e dia 18 de julho, na Livraria Nobel, o livro “ANDANÇAS”, de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, agora pode ser adquirido na Banca Central , na Praça Barão do Rio Branco, e na própria Livraria Nobel peço preço de 40 reais o exemplar, através do telefone 77 98818-2902 e pelo e-mail macariojeremias@yahoo.com.br

A obra, fruto de um projeto colaborativo entre amigo da cultura, é uma mistura de ficção com a realidade através de conto, causo, prosas e poemas, muito dos quais musicados por vários artistas locais, como Papalo Monteiro, Walter Lajes e Dorinho Chaves, com as letras Na Espera da Graça, Lágrimas de Mariana e Nas Ciladas da Lua Cheia. Trata-e de um livro fácil de se ler e atraente em seus causos e histórias, numa linguagem simples para todos. Vale a pena apreciar mais esta literatura do autor.

AS PROVÍNCIAS ROMANAS NA ERA CRISTÃ

Os sucessores de Augusto na era cristã procuraram manter uma paz permanente, sem guerra externa e revolução interna na Itália e nas províncias. Com base na Idade Helênica, de acordo com o autor de “História de Roma”, M. Rostovtzeff, Roma teve a missão de receber o maior número de povos na civilização plantada pelo Oriente, regada pelos gregos.

Nos dois séculos de paz (1 e 11), Espanha, Grã-Bretanha, Gália, parte da Germânia, norte da península balcânica e litoral norte da África absorveram tal civilização em sua forma ocidental. “O Império Romano nunca tentou ser um Estado mundial do tipo nacional. Houve sempre a busca por manter a estrutura, mesmo durante os choques do III século. Essa cultura era a mesma  toda parte, a de associação de homens com hábitos e interesses comuns.

Base da vida social e econômica

No Império, as cidades tornaram-se a base da vida social e econômica em todas as partes, inclusive onde as populações nativas levavam uma vida tribal, e na Espanha onde só existiam cidades gregas ou fenícias no litoral e leste. O mesmo acontecia na África nas cidades fenícias pertencentes ao período da supremacia cartaginesa. Poucas foram fundadas por colonos italianos, e sim pela população nativa, viando pertencer a um Estado organizado.

No fim da guerra social de 89 a.C., todas as cidades italianas eram habitadas por cidadãos romanos e todas possuíam um governo próprio com relações idênticas com Roma. A forma habitual de comunidade nas províncias era a cidade habitada pelos provinciais, sob a supervisão de um governador romano que pagava impostos sobre a terra a Roma.

As cidades aliadas de Roma gozavam de privilégios assegurado pelos tratados, como a isenção de imposto (immunitas). Qualquer comunidade provincial tinha três possibilidades, tais como, ser colocada no nível das comunidades aliadas e um autogoverno; receber direitos de colônia romana ou latina; ou ser incluída na categoria de “municipia romanos”. O Império tornou-se, aos poucos, uma vasta federação de cidades, num Estado Único.

Quatro partes

O Império podia ser dividido em quatro partes, com base no histórico das diferentes províncias. Primeiro, um grupo celta (Gália, Espanha, Grã-Bretanha e as áreas alpinas). Em seguida, Cartago (Sardenha, África, Numídia e Mauritânia). Terceiro lugar, a região do Danúbio (ilírios, trácios e celtas). E, Finalmente, a Ásia Menor e Síria.

No caso dos celtas, antes da conquista predominava um sistema tribal, governado pelas famílias nobres. A primeira região celta anexada foi a costa sul da Espanha e da Gália. Nela foi feita a instalação de colônias (cidades fortificadas habitadas por romanos, principalmente soldados). Esses postos atraíram as classes superiores das populações nativas e parte dos menos favorecidos (artesãos, pequenos comerciante e trabalhadores do transporte e da construção).

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O CATA-VENTO E A ESTRADA

Uma imagem real e também ilusória captada pelas lentes do jornalista Jeremias Macário no município de Igaporâ

uma das áreas de implantação do polo de energia eólica na Bahia que fica entre Guanambi e Caetité. O sertão, castigado pelas secas constantes,  também é produção de energia para várias partes do nosso país. É o homem do campo, pouco recomnhecido, contribuindo para o progresso e o bem-estar.

 

NO MEU EMBORNAL

Nasci no espinhaço do sertão,

No profundo agreste nordestino,

Com rapadura, farinha e carne seca,

Ouvindo o estrondo do trovão,

No sol escaldante de matar,

Que até inseto morre no ar,

E carrego no meu embornal,

A faca, a foice e o martelo,

E da minha primeira lição,

Estudei o latim no Seminário,

O grego, o francês e o português;

Labutei duro e fiz histórias no jornal.

 

As angústias e a vida em vendaval,

As coisas boas e ruis do passado,

Todas as alegrias e o choro calado,

Até o soro que tomei lá no hospital,

A solidão das vagas madrugadas,

Os acordes da mulher doce amada,

As cores do meu país maltratado,

Onde o roubo é tratado como normal,

Está tudo no meu velho embornal.

 

O conhecimento, as intrigas e brigas,

Os momentos de tantas fadigas,

As certezas e a vida de incertezas,

O sonho de ver irmão igual irmão,

Viver num país de igualdade social,

Sem o preconceito religioso racial,

O saber de saber que nada sei,

Que sou simples ser e não um ter,

Tudo está no meu surrado embornal.

 

Carrego tudo no meu embornal,

Muita coisa boa nesta sacola,

Coisas que não se aprendem na escola,

Como as noites etílicas sagradas,

Os segredos dos frios dos invernos,

E as floridas cores das primaveras,

Muita gente de caras mascaradas,

Nas eras das ditaduras severas,

Tudo está lá guardado no embornal.

 

O clarear do verão seco e quente,

Batendo nos rostos de tanta gente,

Indo e vindo nas bancas de jornais,

De corpos sofridos e espíritos fatais,

Em linhas tortas arrombando portas,

Tudo está lá no meu velho embornal.

“TORÇA PELO TIME DE SUA CIDADE”

Carlos Albán González – jornalista

“Torça pelo time de sua cidade”. Uma faixa com essa frase pode ser vista em todos os jogos da Chapecoense, na Arena Condá. Na verdade, os torcedores sdo Sul e Sudeste do país prestigiam os seus representantes em torneios nacionais, razão do crescimento de Chapecoense, Guarani, Ponte Preta, Brasil de Pelotas, Ituano de Osasco, Londrina, Criciúma, Botafogo de Ribeirão Preto, e muitos outros, que disputam as primeiras  divisões do Brasileirão.

Observo, desde que comecei a acompanhar o futebol, que o nordestino, nesse particular, age como cão vira-lata, que se mostra conformado em roer os ossos. Com exceção das capitais Salvador, Fortaleza e Recife, existe em toda esta nossa região uma paixão doentia pelas equipes do “Sul Maravilha”, em detrimento do que é nosso. Conquista, com mais de 350 mil habitantes, passa oito meses do ano sem abrir os portões do “Lomanto Júnior”, porque o seu clube, com a final do campeonato estadual,  já dispensou em abril atletas e comissão técnica.

O aficionado conquistense pelo futebol passa anos e anos esperando que o time de seu coração (Flamengo, Vasco, Fluminense, Corinthians, Botafogo e Palmeiras) apareça por aqui. Houve um tempo em que esses times excursionavam pelo exterior e interior do Brasil. O Santos de Pelé era o mais requisitado. Enquanto aguardam, criam torcidas organizadas, soltam foguetes, fecham os bares para assistir aos jogos pela TV, comprando o pacote Premiere da Globo. Sentem-se orgulhosos quando vestem a camisa do Flamengo, a mais vendida nas lojas de artigos esportivos; a do Bahia, bicampeão brasileiro, vem em seguida.

Lamentavelmente, a nossa mídia colabora com esse amor não correspondido. Esta semana um blog local destacou a goleada de 6 a 1 aplicada pelo Flamengo no Goiás. Nem uma linha sobre a campanha de dois times do interior baiano, o Juazeirense e o Jacuipense, que estão com um pé na série C do Brasileirão, onde devem fazer companhia ao Vitória, sob ameaça de queda. Com a contratação do equatoriano Caicedo o tombo pode se dar com algumas rodadas de antecedência.

“O Globo” estampou esta semana uma matéria, elaborada com minuciosa pesquisa, mostrando que o Bahia é o clube mais bem dirigido, em termos financeiro e administrativo, do país, conseguindo se recuperar, a partir de 2013, realizando eleições diretas, com a participação dos sócios, após uma batalha judicial contra a ditadura dos Guimarães. Pois bem, essa reportagem, que enaltece o futebol baiano e, consequentemente, o do Nordeste, não recebeu o merecido destaque dos nossos veículos de comunicação.

 

 

 





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