:: 27/jun/2019 . 23:52
ENTRE UM E O OUTRO
Poema do jornalista Jeremias Macário
Brigam a ciência e o mistério,
pela verdade do peregrino,
mas poucos levam a sério.
Misturam religião e profano,
nas festas de todo o ano.
Uns vão e outros ficam,
na curva escura da vida.
Uns preferem a linha reta;
outros duvidam da seta.
A saudade aperta,
quando termina a festa,
e o encontro se desfaz,
no ar como o gás.
Entre a água e o fogo,
fico com o fogo.
Entre a terra e o ar,
fico com o ar para respirar.
Entre a pauta e o roteiro,
temo ficar com os dois,
e ser escolhido pra depois.
Entre a morte e a vida,
não tem mais saída.
Entre a treva e a luz,
fico com a que me conduz.
Entre a música e a literatura,
só se tiver conteúdo e cultura.
Entre o deletar e a tortura,
me leve para a sepultura.
Entre o amor e a dor,
nos dois eu sou.
Entre a capela e a catedral,
sou a mais simples pra rezar,
e chegar do outro lado de lá.
Entre o amigo só das festas,
fico com o das horas incertas.
Entre Raul, Chico e Gil,
melhor se for de vinil.
Entre Milton e Vandré,
fico também com Tom Zé.
Entre a religião e a filosofia,
prefiro a popular sabedoria.
Entre esse espaço de aço
e a sociedade alternativa,
fico com a criatura primitiva.
Entre a chuva e a maré,
prefiro ir seguindo a pé.
- 1