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:: 22/fev/2019 . 22:34

UM PAÍS ENLOUQUECIDO

O quê leva um vigilante de um supermercado deitar em cima de um rapaz numa ação de estrangulamento e sufocá-lo até a morte, enquanto pessoas, praticamente passivas, tiram fotos? Em outra imagem, o governador do Rio de Janeiro, de nome difícil, ao lado de um oficial da polícia, elogia a corporação, cujos soldados, pelo que ficou evidenciado através de testemunhas, praticaram uma execução sumária de um grupo de bandidos ou traficantes já rendidos numa casa.

Estamos diante de um país enlouquecido que banalizou a violência e vivencia o retrocesso primitivo, numa guerra de fuzis, metralhadoras e de ódio contra o pensamento contrário do outro. As tragédias com centenas e milhares de mortes se sucedem e depois o silêncio sepulta a impunidade. O quê leva tanta gente intolerante fanática religiosa atacar outra igreja e até espancar quem confessa outra crença? As igrejas conservadoras e reacionárias hoje estão nas periferias explorando os mais pobres e incultos.

Estamos sim, num país enlouquecido que perdeu sua identidade cultural, ou nunca teve, que vota com raiva, com interesses e para se vingar de outros seguidores opostos, mesmo que seja um candidato ignóbil, despreparado, do atraso e até nos mesmos corruptos de sempre. Diante de tantas loucuras e paradoxos, de baixos índices na educação, de corredores das mortes nos hospitais, de tantas misérias e profundas desigualdades sociais, lá se foi o futuro do distante infinito perdido do horizonte.

O quê leva um bando saquear uma carga de mercadorias, enquanto uma criatura se debate morrendo numa cabine de um caminhão, vítima de um acidente de trânsito, e ninguém aparece para socorrê-lo? Um homem desce porrada numa mulher numa volúpia animalesca até deixa-la sangrando e com o rosto e seus corpo desfigurados, quando não a mata com pauladas, tiros ou várias facadas.

É um país enlouquecido na República dos Generais, do porta voz ao estilo do maluco Trump, onde um ministro demitido bate-boca em público pelas redes sociais com o presidente, tratando-o o tempo todo como capitão. O vice, general Mourão, que amansou a fala (está mais para Morão de amarrar burros), queria lotear funcionários só para classificar documentos secretos e ultrassecretos. Da transparência para a censura e o sigilo.

Enlouquecido por uma reforma da Previdência Social que ninguém entende seu intrincado labirinto de alíquotas, pedágios, pontos, transições, tetos e tantos outros cálculos novelescos nas narrativas cansativas e enfadonhas das emissoras de televisão, jornais e revistas, a não ser na simplificação entre as diferenças de idade mínima da mulher e do homem que sempre morre primeiro, mas tem que esperar mais tempo para receber o minguado benefício que não dá para comprar um pacote de remédio.

No pacote fatiado do anticrime que dá licença para o soldado matar, baseada na subjetividade da legítima defesa (já existe a falsificação de provas), a Câmara dos Deputados quer deletar o bandido do “Caixa 2” no rol da corrupção. O ministro da “Justiça” que criminalizava e condenava a prática, agora enlouqueceu, desdizendo o que pregava antes como corrupto quem usava deste artifício maligno de roubo do dinheiro público.

Estamos no país enlouquecido das meninas que vestem rosa e dos meninos que vestem azul. No país que não serve para criar meninas e que seus pais devem fugir desta “pátria amada” onde seus filhos não devem estudar fora de suas famílias. Não é mesmo um país enlouquecido? O nome do partido nazista era Nacional Socialismo, porque havia uma ameaça comunista. As lutas deviam ser contra as indústrias do ódio, do medo e das mentiras.

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GESTOS E DIÁLOGOS

Parece uma cena de filme captada pelas lentes do fotógrafo José Carlos D´Almeida. Gestos e diálogos numa noite festiva de um aniversário de 70 anos. A foto não fala, mas mostra expressões de alegria numa troca cordial de ideias e pensamentos, sem ódio e intolerância. As mãos  fazem o ritual e abençoam a criação.

VENTO QUE VAI E VEM

O vento que passa e vai,

Não é o mesmo que vem:

Um traz mensagens do norte,

O outro zune oeste faroeste;

O do sul deixa rastro de morte,

E o do leste a paz do Lama Dalai.

 

O vento que vai daqui pra lá,

Não é o mesmo do de lá pra cá:

Um urbano e o outro campestre;

Tem o da chuva que molha terra;

O furioso vingativo traz a guerra,

O dos ensinamentos é o do mestre.

 

O vento do vale é o fresco,

O do alto é traiçoeiro e seco;

Um faz bem, outro deixa a peste,

E o da saudade é o amor que vai

Pelo tempo que não retorna mais,

Como lavoura perdida no agreste.

 

O vento vice-versa, vai e vem,

Vento dor que martela e assobia,

Suave e irado no trincado tornado,

Da terra, do ar e do azul além-mar,

De cheiro catingueiro do sol alumia,

Dê-me notícias da vida do meu bem.

 

Como a quilha de Maiakóvski,

Corta o vento que leva e traz,

Segredos sagrados do bosque,

Às vezes são coisas boas e más,

Perfumes, folhas caídas e florais,

Virtudes e os pecados capitais.

 

 

 

 





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