LÁGRIMAS DE MARIANA
Poema de Jeremias Macário inspirado no desastre ambiental da lama da Samarco em Mariana. A letra foi musicada élo cantor e compositor Dorinho e gravada no CD Sarau, projeto em andamento.
Ave, eterna Mariana!
Mãe santa teu nome!
Chove lágrimas
De lama e sangue
Do Fundão profano
Até o mar do mangue,
Levando sede e fome,
Um monte de usura insana,
De um capital desumano.
Do Doce azul das matas,
agora amarelo amargo,
Chove lágrimas de dor
Dos nativos aos gritos,
Do Bento mano barro,
Escombros de detritos
Que secaram os lares
De Colatina ao Valadares;
Contaminaram as lagoas
E as paisagens de Linhares.
Chove lágrimas de dor
Da igrejinha da praça,
Da terra sem as marés,
Do pescador em pranto,
Que vê no lodo da mina,
Pasta tóxica da Samarco
Até onde se fita a colina
Do índio nação Aimorés,
Senhores da flecha e do arco,
Filhos do Rio Doce e da caça.
Chove lágrimas de dor
Do cristalino da menina,
Da mãe flor Mariana,
Do lendário contador
De histórias de Resplendor;
Chora o São Francisco,
Choram as cordas da viola
Na poesia do cantador,
A triste canção de uma mina
Que um dia no estouro roubou
O sonho junto sonhado
De um povo bravo lutador.