Ao completar 10 anos de atuação no dia 29 de setembro, a Academia de Letras de Vitória da Conquista prestou uma homenagem ao grande escritor e clássico na literatura brasileira e universal Machado de Assis (1839-1908) que escreveu 10 romances além de contos e poemas. O evento aconteceu no dia 28/09 (sexta-feira) e compareceram membros da entidade, poetas, escritores e convidados.

O secretário da Academia, Evandro Brito, falou do homenageado dizendo que Machado, de cor negra, tinha tudo para não dar certo porque nasceu pobre, era pessimista e para se sustentar vendia balas nas ruas do Rio de Janeiro. Não fez curso superior e era discriminado pelas elites da época imperial.

O fundador da Academia Brasileira de letras foi funcionário público até o fim da sua vida, mas se destacou como o maior escritor, conforme lembrou o acadêmico Aldaci Ferreira da Cruz que discorreu sobre sua vida e seu amor pela esposa Carolina Xavier que morreu antes dele. Destacou como uma das suas maiores obras, Memórias Póstumas de Brás Cuba.

Além do escritor, a reunião debateu também outros temas da atualidade brasileira, como o Brasil de hoje e o do amanhã. O jornalista Jeremias Macário fez um relato sobre as crises que o país enfrentou ao longo da sua história e disse que, pela sua vivência, esta é a pior de todas, entendendo que o Brasil ainda não chegou ao fundo do poço. Assinalou que ainda espera até o hoje o país do futuro como aprendeu nas escolas.

Em sua opinião, a curto prazo, diante do cenário político eleitoral atual de crise moral e ética, não existem perspectivas de melhora. Apontou a falta de um líder inspirador conciliador, como Tancredo Neves, para unir a nação, hoje dividida pelo ódio e pela intolerância. Sem uma reforma política total e uma revolução geral na educação, ele não vê saída para o desenvolvimento e a redução das desigualdades sociais.

Eron Sardinha de Oliveira também falou sobre o assunto, concordando em vários pontos sobre o quadro atual que não deslumbra melhora. Com relação ao confuso pleito, afirmou que não iria comparecer às urnas no primeiro turno porque os candidatos não oferecem confiabilidade. Para ele, só a educação levará o Brasil ao desenvolvimento e citou países como Japão e Alemanha que seguiram essa direção e hoje são potências. Diante do quadro conturbado, Eron prevê um golpe das forças armadas, o que ainda é pior para a nação.

Estiveram ainda presentes ao encontro da Academia a presidente Neuma Sueli Almeida Vieira, Rozânia Brito, Jaime Xavier de Santana, Marcos Rocha, Rafael Coqueiro, Irani Mendes, o trovador e cantor Francisco Xavier, Bianca de Fátima, Gildásio Amorim, Vandilza Gonçalves, Renato Teixeira Júnior e Alex Alves, o “Baducha” que nos brindou com sua cantoria.

A Academia vem mantendo uma parceria cultural com o Sarau A Estrada há quase um ano com a troca de conhecimento entre seus membros, que está dando certo. A intenção é a de também atrair jovens para os nossos centros de debates que são constantes, sempre focando na cultura, como será o próximo Sarau de novembro que colocará em discussão os “80 anos do livro Vidas Secas”, do escritor Graciliano Ramos, trazendo os fatos do passado para os dias atuais.