Muito clamor e pronunciamentos sobre as penosas condições de trabalho dos profissionais que no dia a dia precisam cumprir com suas missões de levar o aprendizado às crianças e aos jovens. Aplausos e vaias fizeram parte das manifestações dos professores municipais em greve, que superlotaram o auditório da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, em sessão especial do dia de ontem (08/08).

Seus apelos de reajustes salariais e valorização da categoria, infelizmente, ainda não foram atendidos pelo poder público municipal que alega aperto fiscal no orçamento e pede à categoria maior compreensão diante da atual situação financeira. Aos professores se juntaram os trabalhadores da viação urbana Vitória, que também estão em greve por não receber seus vencimentos há mais de um mês.

Foi, na verdade, uma exposição de penúria de ambos os lados com histórias tristes de aperto financeiro para pagar suas contas particulares, inclusive com a falta de alimentação em seus lares. Diante do impasse que já dura mais de quinze dias, a Câmara constituiu uma comissão formada entre oposição e situação para dialogar com a Prefeitura Municipal, a fim de se encontrar uma saída, e que os alunos possam retornar às suas escolas.

A professora do Sindicato, Rute Prado, contou sua luta diária para ensinar e ainda ser dona de casa. Como tantas outras que batalham em vários turnos para sobreviver, disse que sua rotina começa pela madrugada e só termina por volta das 18 horas. Ressaltou ainda conhecer colegas que dão aulas à noite para complementar o salário. Outras se tornaram vendedoras para ganhar uns trocados a mais.

Teve momentos de tensão quando o vereador Álvaro Pithon foi vaiado ao colocar a culpa na administração passada pelo atual quadro, tanto em relação aos professores como da Viação Vitória que está fechada sem pagar seus funcionários. A vereadora Viviane, do PT, criticou a falta de representação do prefeito na sessão e até da própria professora Geane que hoje é uma servidora de confiança do executivo.

O motorista Walter, da empresa Vitória, relatou que 517 famílias estão atualmente passando por necessidades, e que não estão ainda pior porque centenas de pessoas da comunidade se dispuseram a doar alimentos. Agradeceu o apoio de todos e, em tom de desabafo e protesto, criticou duramente a prefeitura que interditou os ônibus da companhia urbana de transportes.

Entre outros projetos, requerimentos e moções aprovados na pauta de discussões, a casa legislativa marcou para 26 de setembro uma audiência pública para tratar do plano diretor da cidade, incluindo a facilitação para a regularização de imóveis sem documentação do habite-se.

Há muito tempo que Vitória da Conquista precisa atualizar e renovar seu plano diretor, principalmente no que tange ao ordenamento do solo, delimitação de bairros, numeração e denominação de ruas. Sem contar as irregularidades habitacionais por conta da burocratização e do alto custo, existe hoje uma bagunça generalizada na cidade em termos de nominação de bairros e ruas.