Botinadas pra lá e pra cá, rasteiradas, cabeçadas, cusparadas, convulsões cerebrais, pernas quebradas, contusões de deixar o “jogador” por muito tempo fora do campo, mais de 30 faltas num jogo, dedo e mão no anus do outro, xingamentos até racistas, chutões pra todo lado, peitada no juiz, quebra-quebra nas arquibancadas, pauladas, pedradas e até tiros com morte.

Esta é a lamentável cara, meus amigos, do nosso atual futebol, o fantasma brasileiro, que em tempos passados tanto encantou plateias com suas jogadas suingadas, com cadenciamento, leveza e poesia onde a bola era tratada como rainha e valia a pena ir a um estádio para prestigiar os craques artistas que eram tantos que não dá para listar aqui.

Hoje é uma tristeza assistir a uma partida de qualquer campeonato estadual ou brasileiro, principalmente quando depois se acompanha uma disputa das ligas europeias. O último jogo, por exemplo, entre Barcelona e Roma não teve dez faltas, e a bola rolou quase todo tempo. Torcedor aplaude até jogada bonita e espetacular do adversário e depois todos se cumprimentam de forma fraternal.

Aqui, quando termina o chamado “arranca toco”, ou “arranca rabo” de luta livre, quase ninguém se fala, quando não apelam para a pancadaria generalizada. Técnicos avançam contra o árbitro, com palavrões, e a polícia armada tem que entrar para protegê-lo. Os torcedores ficam irados e um quer matar o outro, achando que aquilo ali é sua vida.

Outra coisa que dá pena no nosso futebol é a mídia esportiva. Ao invés de criticar a decadência do nosso futebol, tudo por causa dos cartolas e vitalícios das federações que se perpetuam no poder para roubar, faz rasgados elogios, classificando tal jogo de grande partida. Quando alguém se destaca um pouco, passa a semana toda endeusando o cara. Coisa é quando faz o gol.

Dos que jogam atualmente aqui no Brasil, não vejo nenhum craque no nosso futebol, Dos de fora, um ou três, e o resto é tudo mediano, muitos até nos bancos de reservas dos grandes times da Europa. A seleção brasileira pode até ser campeã, mas nunca chega perto de uma de 58, 62 e 70, nem 82. O que se vê, hoje, meus senhores, é uma vergonha nos campos com um bando de fantasmas correndo, com chuteiradas para rasgar canelas.

O campeonato baiano, como de outros estaduais que se resumem a dois times nas finais, sempre se concentra no Ba x Vi onde se alternam nos troféus. O presidente da federação diz que o certame foi “empolgante” e os jogadores que foi muito difícil, o que não é verdade. A mídia segue na mesma toada, e no fim tudo termina em violência e baleados. Quando chegam ao campeonato brasileiro, os representantes baianos passam vexame e contando pontos para não serem rebaixados.