Carlos Albán Gonzalez – jornalista

Aproveito o espaço reservado pelo amigo e colega Jeremias Macário para prestar uma homenagem a um companheiro do jornal “A Tarde”. Numa espécie de minibiografia Jeremias revelou para mim uma fase de conhecimentos e realizações de Sérgio Fonseca, que nos deixou nesta quinta-feira, aos 80 anos. Vivenciamos o mesmo período de grandeza do maior veículo de comunicação do Norte e Nordeste do país, o que nos deixava orgulhosos.

Pessoalmente, não nos conhecíamos. Mais de 500 quilômetros separavam nossas mesas de trabalho. Na bem aparelhada sede do Caminho das Árvores, em Salvador, a função do repórter, do redator e do editor era exercida num ambiente confortável, apesar da máquina de escrever e do telefone com fio. Não se imaginava a jornada de sofrimento dos correspondentes do interior, obrigados a cobrir os fatos importantes de uma imensa região do estado.

Sérgio foi um desses jornalistas desbravadores, tal como um bandeirante. Nas últimas décadas do século passado mostrou para os leitores de “A Tarde” o desenvolvimento de uma cidade que viria a ser a terceira do estado. Como chefe da Sucursal de Vitória da Conquista, Sérgio angariou assinantes e aumentou as vendas nas bancas da cidade.

Em 1991, Sérgio recebeu uma missão mais árdua: dirigir a recém criada Sucursal de Barreiras, a fim de acompanhar o crescimento de um promissor polo agrícola no oeste baiano. “Passou a bola” para Jeremias, que deu continuidade ao trabalho jornalístico e administrativo da Sucursal conquistense, e foi molhar os pés nas águas do Rio São Francisco, que ainda respirava com toda força dos pulmões.

Sérgio e eu escolhemos a mesma cidade para viver na condição de aposentados. Mudei há quatro anos para Conquista. Foi quando conheci pessoalmente o companheiro dos bons tempos do jornal dos Simões. Encontrávamos num barzinho na Rua da Granja. Desses encontros participavam Ricardo Di Benedictis, seu filho Ricardinho, Jeremias e Luciano.

Sérgio chegava apoiando seus 1,90 de altura numa bengala. Sentava, pedia uma dose de conhaque antes do primeiro gole de cerveja. Falava muito pouco, apesar do seu vasto conhecimento linguístico e literário. Sempre me deu a impressão de um homem solitário, magoado, talvez, por  não ter recebido o justo reconhecimento   pela divulgação que deu a Vitória da Conquista.