O vereador David Salomão protagonizou mais um discurso raivoso e arrogante em defesa do autoritarismo e contra a esquerda na sessão de ontem (quarta-feira) da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, sem muita reação de seus opositores.

Aos berros e aos gritos, em tom agressivo, como se estivesse num comício eleitoral, o alvo desta vez foi o ex-governador Jaques Wagner, investigado pela Polícia Federal por acusação de ter recebido propinas da Odebrecht no caso da construção da Fonte Nova.

O vereador em questão aproveitou para descer o “porrete” no PT, sem dó e compaixão e, ao mesmo tempo, apoiar a candidatura de Bolsonaro, colocando-o no pedestal como arauto da verdade e da honestidade que, na sua visão, devolverá ordem e seriedade ao país. Em sua fala, ele mistura arbitrariedade, preconceito e outros ingredientes indigestos com democracia, como se isso fosse possível.

Na sessão passada de quarta-feira (dia 21), Salomão defendeu, mais uma vez, a intervenção militar e fez críticas veladas aos professores e estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb. Contra seus ataques, apenas o parlamentar Coriolano Morais (PT), de modo moderado, se pronunciou dizendo que os outros partidos não têm moral para apontar as mazelas de seus opositores. Destacou que na política existe também muita gente honesta, como é o seu caso.

Bem que David Salomão tentou roubar a cena da sessão, mas as discussões giraram em torno da derrubada da barraca de dona Eni Rocha de Souza pela Prefeitura Municipal, na localidade mais conhecida como Gancho, e os problemas dos carros de som que estariam cometendo uma série de irregularidades nos limites exigidos de decibéis e na circulação em locais e horários proibidos.

Os vereadores da oposição defenderam as duas causas em questão e, o mais estranho, é que os aplausos às falas do PT e do PC do B foram as mesmas para David Salomão quando atacou o ex-governador do PT. Sempre impera o individualismo em detrimento do coletivo.

Na verdade, existem muitos abusos por parte dos carros de som na cidade, e o centro, principalmente, está contaminado pela poluição sonora e visual, o que requer um código disciplinar para limpar o comercio e deixar a área mais agradável e humana. No geral houve um apelo no sentido de a prefeitura encontre um caminho viável para o funcionamento correto dos publicitários de carros de som, de modo que não haja prejuízo para os comerciantes, que reclamam perturbação da ordem pública e consequente afastamento dos consumidores.

Quanto a barraca de dona Eni, os vereadores alegaram injustiça social e arbitrariedade do poder público, argumentando que ela tem alvará, paga IPTU e está no local desde os anos 80, como sentenciou Coriolano. No mais, foi discutida a pauta da Câmara, como sempre recheada de indicações e moções de aplausos, sem projetos voltados em benefício da comunidade.