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:: 1/mar/2018 . 23:54

“AS TRÊS MORTES DE CHE GUEVARA” (FINAL)

ISOLADO E DESILUDIDO NO CONGO E NAS SELVAS DA BOLÍVIA

De dezembro de 1964 a março de 65, Che passou todo tempo fora de Cuba. Esteve em Moscou, Nova York e de lá para Argélia, de Bem-Bella, onde foi astro na conferência dos povos africanos com um discurso de rompimento político com a União Soviética, o que significava uma adesão à linha chinesa. Esteve na Tanzânia e no Egito, de Gamal Abdel Nasser, a quem disse que iria lutar no Congo e dele recebeu sinal de desaprovação.

Mas, de acordo com Flávio Tavares, autor do livro, os problemas e incômodos terminaram por fazê-lo sair de Cuba, quase que às pressas, ou às pressas mesmo. “Ou pelo menos, afoitamente, num gesto intempestivo ou de irritação pessoal, tão ao estilo argentino”, As contrariedades e divergências começaram bem antes destes episódios de sumiço.

De volta a Havana, em 10 de março de 1965, do aeroporto saiu rápido para uma reunião de 40 horas consecutivas com o chefe Fidel Castro. Ainda em Cuba, aproveitou seu amigo argentino Gustavo Roca para entregar uma carta para sua mãe Célia de la Serna de Guevara onde revelou as desavenças de cunho político com o comandante e o propósito de se dedicar ao trabalho voluntário de 30 dias no corte de cana e mais cinco anos numa fábrica de açúcar.

Em 15 de abril do mesmo ano a mãe escreveu outra carta achando tudo muito estranho e concluindo que o filho caiu em desgraça. Além de considerar um desperdício de ideia, reforçou sua posição contrária. “Creio que, se fazes o que dizes, não serás um bom servidor do socialismo mundial”. Esta carta não chegou às suas mãos.

O mais intrigante é que na véspera do Dia do Trabalho, Fidel e sua cúpula foram cortar cana no campo, mas sem o Che. Isto provocou uma especulação na mídia de que ele fora destituído e estava preso. Persistiu o mistério do seu paradeiro, e sua mãe morreu de câncer em 19 de maio de 1965 sem saber onde o filho se encontrava.

NO EGITO E NO CONGO

Sabe-se que no final de março, com seus homens de confiança, confinou-se num lugar remoto da ilha para treinamento militar. Em meados de abril chegou disfarçado (travestido de Ramón) ao Cairo decidido a lutar no Congo e se apresentou, sem sua identificação verdadeira, ao chefe rebelde Laurent Kabila que morava num hotel de luxo (seu quartel-general) com todas mordomias de bebidas, carros e mulheres.

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MAIS UMA CRISE NO FUTEBOL BAIANO

Carlos Albán González – jornalista 

O Tribunal de Justiça Desportiva do futebol da Bahia (TJD-BA) deveria vir a público para explicar quais foram os critérios adotados na interpretação das leis que regem o popular esporte, por ocasião do julgamento, no último dia 27, dos fatos vergonhosos que mancharam o Vitória x Bahia do dia 18, no Estádio Manoel Barradas (Barradão). Sem precisar do bola de cristal prevejo que o debilitado campeonato de 2018 vai trocar os campos de jogo pelas salas dos tribunais, por meses a fio, repetindo a crise de 1999, quando Bahia e Vitória dividiram o “caneco”.

Insatisfeito com o resultado do julgamento, a Procuradoria do TJD manifestou sua decisão de recorrer ao Pleno do órgão judicante, constituído de nove auditores, solicitando à presidência da Federação Bahiana de Futebol (FBF) a paralisação do campeonato, cuja penúltima rodada da fase de classificação está programada para o próximo final de semana.

Na opinião do procurador Ruy João, a continuidade do estadual pode provocar “dano irreparável ou de difícil reparação”. Numa entrevista aos jornais de Salvador o procurador qualificou de “absurdas e estarrecedoras” as punições aplicadas pelos quatro auditores (advogados de “reconhecido saber jurídico e reputação ilibada”) – o quinto se declarou impedido – da 1ª Comissão Disciplinar do TJD.

O principal questionamento da Procuradoria está relacionado com a ausência de punição para o responsável pela interrupção do jogo. O Vitória, que deu causa, recebeu uma multa de R$100 mil. Entidade jurídica, o clube se “personifica nos seus dirigentes, técnico e atletas. Então, alguém precisa ser apontado como responsável”, expõe Ruy João, estranhando a ausência, na lista dos punidos, de um membro da diretoria, do treinador Valter Mancini, do supervisor Mário Silva, e até mesmo do zagueiro Bruno Bispo, que recebeu o quinto cartão vermelho, deixando o seu time com apenas seis jogadores em campo, entregando a vitória ao Bahia, pelo placar de 3 a 0, como determina o Regulamento Geral de Competições da CBF, no seu artigo 56, incisos 3º e 4º.

Outra questão levantada pelo procurador diz respeito a não apreciação pelos auditores da leitura labial, encomendada pelo Globo Esporte, da frase de Mancini, mandando seu atleta receber o quinto cartão vermelho. Ruy João também discorda da absolvição do goleiro Lucas Fonseca, que aparece nas imagens das televisões como o iniciante da briga generalizada, ao imobilizar Vinicius pelo pescoço, para que seus companheiros do Vitória praticassem a bárbara agressão física. Com o supercílio sangrando, a vítima deu queixa numa delegacia policial.

Ao apresentar a denúncia contra os envolvidos na guerra do chamado “Ba-Vi da Paz”, um outro membro da Procuradoria, Hermes Hilarão Teixeira Neto, pediu a desclassificação do Vitória do campeonato deste ano e o rebaixamento para a 2ª divisão em 2019. Somente um dos auditores da 1ª Comissão Disciplinar do TJD acatou o pedido.

Dias de terror viveu Hilarião e sua família, com as ameaças de morte enviadas por membros a torcida organizada do Vitória “Os Imbatíveis”, considerada como uma das mais violentas do país. O procurador garante que dispõe dos números de telefones e endereços nas redes sociais de todos os agressores, passíveis de terem que passar uma temporada atrás das grades. :: LEIA MAIS »

DA BARRACA AOS CARROS DE SOM

O vereador David Salomão protagonizou mais um discurso raivoso e arrogante em defesa do autoritarismo e contra a esquerda na sessão de ontem (quarta-feira) da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, sem muita reação de seus opositores.

Aos berros e aos gritos, em tom agressivo, como se estivesse num comício eleitoral, o alvo desta vez foi o ex-governador Jaques Wagner, investigado pela Polícia Federal por acusação de ter recebido propinas da Odebrecht no caso da construção da Fonte Nova.

O vereador em questão aproveitou para descer o “porrete” no PT, sem dó e compaixão e, ao mesmo tempo, apoiar a candidatura de Bolsonaro, colocando-o no pedestal como arauto da verdade e da honestidade que, na sua visão, devolverá ordem e seriedade ao país. Em sua fala, ele mistura arbitrariedade, preconceito e outros ingredientes indigestos com democracia, como se isso fosse possível.

Na sessão passada de quarta-feira (dia 21), Salomão defendeu, mais uma vez, a intervenção militar e fez críticas veladas aos professores e estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb. Contra seus ataques, apenas o parlamentar Coriolano Morais (PT), de modo moderado, se pronunciou dizendo que os outros partidos não têm moral para apontar as mazelas de seus opositores. Destacou que na política existe também muita gente honesta, como é o seu caso.

Bem que David Salomão tentou roubar a cena da sessão, mas as discussões giraram em torno da derrubada da barraca de dona Eni Rocha de Souza pela Prefeitura Municipal, na localidade mais conhecida como Gancho, e os problemas dos carros de som que estariam cometendo uma série de irregularidades nos limites exigidos de decibéis e na circulação em locais e horários proibidos.

Os vereadores da oposição defenderam as duas causas em questão e, o mais estranho, é que os aplausos às falas do PT e do PC do B foram as mesmas para David Salomão quando atacou o ex-governador do PT. Sempre impera o individualismo em detrimento do coletivo.

Na verdade, existem muitos abusos por parte dos carros de som na cidade, e o centro, principalmente, está contaminado pela poluição sonora e visual, o que requer um código disciplinar para limpar o comercio e deixar a área mais agradável e humana. No geral houve um apelo no sentido de a prefeitura encontre um caminho viável para o funcionamento correto dos publicitários de carros de som, de modo que não haja prejuízo para os comerciantes, que reclamam perturbação da ordem pública e consequente afastamento dos consumidores.

Quanto a barraca de dona Eni, os vereadores alegaram injustiça social e arbitrariedade do poder público, argumentando que ela tem alvará, paga IPTU e está no local desde os anos 80, como sentenciou Coriolano. No mais, foi discutida a pauta da Câmara, como sempre recheada de indicações e moções de aplausos, sem projetos voltados em benefício da comunidade.

 





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