Carlos Albán González – Jornalista

(gonzalezcarlos@oi.com.br)

A Prefeitura abriu o placar na temporada 2018 do futebol brasileiro, entregando aos torcedores locais, parcialmente reformado, o Estádio Municipal Lomanto Júnior, atendendo as exigências feitas pela Federação Bahiana de Futebol (FBF). Na próxima quarta-feira o Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista fará seu primeiro treino coletivo no novo gramado, e, no dia 24, à noite, inicia oficialmente a jornada deste ano, enfrentando o Vitória, em partida válida pelo Campeonato Baiano.

O “Lomantão”, concluídas as obras de reforma, foi vistoriado e recebeu o selo de aprovação do Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também teve seu pedido atendido: a construção de uma sala especial para a coleta de material para exame antidoping, nos jogos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro da série “D”, que serão disputados pelo Conquista.

Quando eu afirmo que o estádio foi parcialmente reformado significa que um segmento importante em todos eventos esportivos, em qualquer parte do mundo, mais uma vez não foi lembrado pela administração municipal. Refiro-me à imprensa, instituição da qual faço parte, responsável pela divulgação dos espetáculos públicos.

“O estádio está aprovado!”, regozijou-se o chefe do Gabinete Civil do município, Marcos Antônio de Miranda Ferreira. Secretário, peço licença para discordar. A Prefeitura esqueceu de convidar a Associação Bahiana de Cronistas Esportivos (ABCD) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba), para tomar parte no processo de vistoria.

As instalações para a imprensa no “Lomantão” – só existem, precariamente, para as emissoras de rádio e TV, que se tornaram “donas” de todos os boxes – atestam para os jornalistas visitantes, tanto de Salvador como de outros estados, o descaso da municipalidade, alvo de críticas.

Residindo desde fevereiro de 2014 nessa cidade fui testemunha, em três edições da Copa do Brasil, de reclamações de repórteres e fotógrafos de Pernambuco, São Paulo e Paraná, que aqui estiveram para a cobertura dos jogos do ECPP Vitória da Conquista contra Palmeiras (04.03.2015), Náutico (17.03.2016), Santa Cruz (11.05.2016) e Coritiba (08.02.2017). Os profissionais reivindicavam um local com cobertura e bancada, onde pudessem instalar seus notebooks, a fim de enviar textos e fotos para as redações dos seus jornais.

Senti o drama vivido pelos colegas paulistas (dois deles foram meus companheiros na redação de “O Estado de S. Paulo”). Tentei colocá-los na arquibancada coberta – choveu bastante naquela noite -, mas, de forma grosseira, o porteiro, funcionário do clube conquistense, respondeu-me que o local era reservado para sócios do ECPP Vitória da Conquista, que já gozam de uma redução de 50% nos ingressos.

A resposta inusitada do porteiro produziu a seguinte interrogação: “Afinal, a quem pertence o estádio? Ao município ou a uma entidade privada? O São Paulo pode reservar no Morumbi um espaço para os seus associados, por ser proprietário do estádio, mas a prefeitura paulistana não pode adotar a mesma medida com relação ao Pacaembu, que pertence ao município”.

Além do jogo contra o Vitória, dia 24, o ECPP Vitória da Conquista receberá no dia 31 o Boa Esporte, de Minas Gerais, pela Copa do Brasil. Entre os dias 22 de abril e 5 de agosto terá, no mínimo, três partidas em casa, em caráter interestadual, pelo Campeonato Brasileiro da série “D”.

Ex-locutor esportivo, o prefeito Herzem Gusmão conhece bem o sacrifício nos estádios dos repórteres de jornais e agências de notícias. Eles deixam de passar os finais de semana com as famílias para cumprir uma pauta. Não vão se divertir, torcendo por um dos times em campo, e nem vão tomar uma cerveja. Muitas vezes ficam num fogo cruzado nas batalhas entre torcedores e policiais. É necessário que fique bem claro que eles vão às praças de esportes para trabalhar. Portanto, não é justo que sentem no cimento das arquibancadas, no meio da torcida, sob sol e chuva, colocando o notebook sobre as pernas.