dezembro 2017
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  

:: 20/dez/2017 . 23:58

A DESIGUALDADE SOCIAL É A PIOR DE TODAS AS VIOLÊNCIAS CONTRA O SER

Não se sabe ao certo como é no além, mas a desigualdade social é um estigma que o indivíduo carrega consigo desde o nascer até na morte. Basta olhar nos cemitérios as covas dos pobres com uma simples cruz e os túmulos suntuosos dos ricos, para sentir como ela é perversa na vida que já nasce morta. É através dela que muitos questionam a existência de Deus, indagando o porquê de Ele permitir tudo isso. Outros mais resignados dizem que foi assim que Deus quis, até quando o pobre tem dez filhos.

Não é coisa pronta de Deus. É coisa arquitetada pelos próprios homens, do estrangulamento impiedoso dos mais fortes contra os mais fracos. É fruto da natureza egoísta e da ganância desmedida do poder e do capital que só enxergam seus interesses exclusivos do lucro e do governar a serviço de si e das elites burguesas. A desigualdade fere a alma de morte e anula qualquer sentido de ser, do existir.

No Brasil ela sempre foi, desde os tempos coloniais, a mais carrasca de todas, senão uma das mais agudas do mundo. O deboche chega ao cúmulo de dizer que Deus é brasileiro. Se fosse assim, então Ele seria um ente desprezível. Brasileiro Deus para eles que vivem em suas mansões com fartos banquetes custeados e mantidos pela miséria e pela escravidão, de sangramento contínuo da carne humana e do espírito.

No nosso país, creio que essa desigualdade é mais ainda alimentanda pela total alienação, pelo individualismo e pela falta de indignação em protestar contra as mazelas e as corrupções. É cômodo jogar a culpa em Deus e passar todo o tempo fazendo caridades e assistencialismos que só fazem humilhar mais ainda o ser humano. Esmolas não vão nunca resolver a questão da desigualdade. No Natal aparecem os “socorristas” de plantão para enganar uma dor que logo depois volta a fustigar dia e noite.

OS NÚMEROS NÃO MENTEM

Vamos deixar de lado o blábláblá sociológico e filosófico e partir direto para os cruéis números da desigualdade social no Brasil que são estarrecedores. Não são as almas caridosas de final de ano que vão amansar uma tirana que rói continuamente as barrigas famintas, ou apagar as injustiças que ferem mortalmente as pessoas necessitadas. Não considero este tipo de ação como solidariedade, mas como remorso de consciência pelo que não é feito de real para curar o mal que corrói toda sociedade.

Bem, para começar, como diz a manchete dos jornais: “1% dos brasileiros ganha 36 vezes mais que a metade pobre do país”. No Brasil, a desigualdade é extrema e segue aumentando o abismo entre o 1% e os 50% com os menores salários. Os dados mortais de extermínio em massa são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É um verdadeiro genocídio entre irmãos, para ser bem redundante, provocado pela corrupção e por todos brasileiros que cruzam os braços ante a desgraça humana.

Pelos números, as 889 mil pessoas, correspondentes a 1% dos abonados, têm uma renda média mensal do trabalho acima de R$27 mil. Os 50% recebem os piores salários, em torno de R$700,00, bem abaixo do mínimo. Considerando os 5% com menores salários, a renda média é de míseros R$73,00 mensais. São quase cinco milhões nesta situação de degradação social. Nos centros urbanos, somente 23% têm uma vida satisfatória em termos de dignidade humana. A maioria luta para sobreviver.

:: LEIA MAIS »

OS PEIXES SUMIRAM DO RIO!

Sentei num bar na orla de Juazeiro e veio logo àquela vontade de saborear um peixe, de preferência um surubim. Gosto demais!

Chamei o garçom e pedi a iguaria, sem me atentar do desastre ecológico provocado pela irracionalidade do homem.

Para minha decepção, prontamente o garçom respondeu que tinha carne bovina, de caprino, algumas aves, frango, menos peixe, meu senhor.

Mas, moço! Vocês aqui às margens do Rio São Francisco e não tem um peixe para servir?

O Velho Chico está aí morrendo ao lado – apontou para o rio o garçom, um tanto triste e envergonhado.

É essa a situação em que se encontra o Rio São Francisco, vivendo seus últimos dias em estado agonizante, enquanto os safados lá em cima roubam, inventam de fazer transposição de suas águas, canais, adutoras para comprar votos e desviam os recursos que deveriam ser investidos na sua revitalização.

Por coincidência, minutos depois do meu rápido diálogo com o garçom, sentou ao meu lado o primo Washington Macário de Oliveira, técnico- agente do Inema que luta para preservar o que ainda resta da destruição, e isso sem a estrutura ideal que deveria receber do órgão estadual.

Relatei do meu espanto por não encontrar nenhum tira-gosto de peixe para acompanhar a cerveja gelada. Fiz um discurso sobre a inconsequência do homem frente à natureza e destilei toda minha ira nos governantes e políticos.

Ele concordou, acrescentou outros pontos concretos com base em suas andanças de trabalho de fiscalização. Para meu consolo, informou que as águas do Velho Chico subiram um pouco em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, com as últimas chuvas.

Como já estava revoltado mesmo, disse secamente que São Pedro não deveria mandar mais chuvas nas cabeceiras do Velho Chico. Chega de depender dele!

O que é isso, cara! Falou o primo com expressão de horror indo de encontro à minha afirmação, até certo ponto maluca.

Expliquei que, se os mandatários perdulários já se acomodaram quanto à renovação do rio em todo seu leito, ai é que não vão fazer nada mesmo com a chagada das chuvas. Vão continuar sempre esperando pela divina providência, enquanto o rio morre ano a ano, Se as águas retornam ai é que eles recolhem novamente os projetos para suas respectivas gavetas.

Em seguida fiz uma indagação: E quando a seca bater novamente no sertão? Vamos sempre ficar dependentes das chuvas e cada vez mais retirando água do rio de forma desordenada, com esse ímpeto avassalador de destruição? Não são as chuvas passageiras e temporárias que vão ressuscitar o Velho Chico e fazer com que eu chegue aqui e tenha a satisfação de comer um peixe nessa margem que já foi bela.

Com minha tirada inesperada, levei o primo a fazer uma reflexão e, em parte, concordou comigo, contando mais outras de suas histórias do trabalho incansável de fiscalização para impedir que o homem estúpido primitivo faça mais desgraça contra a natureza.

ARRASTÃO DE PEDINTES E AMBULANTES

Ainda continua linda a paisagem que resta do “Velho Chico” debruçado entre as cidades de Juazeiro e Petrolina. Não é mais o tempo dos navios vapores e as chalanas. Não mais o encanto de antes. Mesmo assim, ficamos  ali pensando e imaginando coisas, inclusive das nossas vidas.

Tudo respira poesia, infelizmente até a pobreza com seu grito de socorro. Mudamos de conversa e observei outra revoltante degradação humana, provocada pela demagogia e desleixo dos mandantes egoístas que só cuidam de si.

Primo, já percebeu quantos pedintes e ambulantes passaram em nossa mesa nesses poucos momentos em que estamos aqui? – Perguntei.

Outro papo de reflexão. A cena que constatei na orla de Juazeiro mais parecia um arrastão de pedintes esfomeados e outros vendendo tudo quanto é bagulho e miudezas para conseguir uns trocados.

É bom que fique claro que isso não acontece apenas em Juazeiro, mas, em todas as cidades multiplica a cada dia o número de pessoas vivendo na extrema pobreza. Estamos em plena marcha ré do retrocesso acelerado imposto pelas políticas fascistas do lucro a qualquer preço, empurrando o brasileiro para a escravidão. Cada um só pensa em si e o resto que se dane.

A orla de Juazeiro é apenas um dos tristes exemplos de cenas de agressão social e também ecológica, com sujeiras nos passeios e nas margens do rio que tanto abasteceu o homem com suas generosidades. Retribuímos com o instinto perverso e assassino do mal.

CALÇADÕES DE JUAZEIRO E APERTADOS DE CONQUISTA

Mas, existe também o lado bom e aprazível nas obras dos calçadões que se espalharam pelo centro, humanizando a cidade e aumentando o movimento do comércio. As pessoas circulam livremente e as crianças brincam sem a preocupação de carros transitando. Os calçadões deram vida, e o local virou  um shopping a céu aberto, sem contar o bom reforço policial de duplas dando mais segurança a moradores e visitantes.

Veio-me logo à mente o centro apertado de Vitória da Conquista, um emaranhado de ruas cheias de carros por todos os lados e passeios estreitos danificados, dificultando o movimento. As ruas Ernesto Dantas e a Francisco Santos, por exemplo, poderiam ser transformadas em calçadões livres para a população.

A Praça Barão do Rio Branco também deveria ser do povo e não num amontoado de carros. Hoje, para se atravessar a praça, as pessoas são obrigadas a se desviar dos veículos e o local ficou feio e confuso. O que se tem ali naquela artéria é uma imagem desorganizada, mais parecendo com um mercado árabe.

Está ainda na mentalidade do lojista conquistenses de que o cliente para comprar tem que parar o seu carro na porta do seu estabelecimento. Conversei com um empresário sobre colocar calçadões nestas áreas da cidade e ele deu um pulo contestando a ideia. Em sua opinião, tinha que abrir mais ruas na 9 de Novembro e entupir de carros. Mentalidade atrasada!

Na verdade, todo centro de Conquista passa uma imagem feia e poluída, tanto no aspecto virtual como sonoro. O local mais horrível da cidade é o Terminal Lauro de Freitas, o legítimo “CABEÇA DE PORCO”, sujo e irritante para se circular. Ônibus e carros ficam engavetados num tremendo engarrafamento insuportável soltando fuligens.

Sempre tenho dito que ali não dá mais para se fazer reforma, só se for para pintar os meios-fios e tudo fica no mesmo. Serviço ali não vai passar de uma maquiagem. É jogar dinheiro do contribuinte no lixo. O Terminal de Ônibus tem que ser em outro local mais amplo da cidade, e o atual ser urbanizado com quiosques, lanchonetes e outros atrativos para a população.

Por incrível que pareça, a maioria dos comerciantes não aceita transferir o Terminal porque acham que é ali, em meio à poluição e sujeiras que vendem mais. Os lojistas entendem que tirar o Terminal afugenta os consumidores. É o absurdo!

Cidade atrativa é cidade limpa, bem urbanizada e humanizada. Gostei dos calçadões de Juazeiro, e todos moradores com quem conversei apoiaram a iniciativa da prefeitura local. Os veículos estacionam nas ruas adjacentes aos calçadões, e no centro sobrou área até para os ambulantes.





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia