Dia e noite durante mais de 20 anos ouvindo o estrondo ensurdecedor das bombas d´água quando eram ligadas. Não dá para imaginar a angústia de ter que suportar o barulho das máquinas vibrando em toda casa! Sem sossego, batem o estresse e a angústia. Difícil dormir em paz! As reclamações na Justiça e os apelos à empresa não surtiram efeito. Nada foi resolvido para evitar uma tragédia anunciada que terminou por acontecer.

Como previsto, o desastre bateu na porta da família do jornalista Ricardo Benedictis na noite do dia 12 de outubro por volta de uma hora da madrugada, no bairro Petrópolis, em Vitória da Conquista. Quando dormiam, todos foram surpreendidos com uma tromba d´água das bombas da adutora da Embasa, destruindo tudo pela frente e comprometendo as estruturas da residência. Por pouco não ocorreu o pior.

A família foi dividida. Uma parte foi morar em hotel e outra em apartamento. Quase dois meses e nenhuma solução para o problema que desagregou oito adultos e três crianças. A única coisa concreta foi a construção do muro que foi derrubado pela enxurrada das águas daquela noite. Os prejuízos dos móveis, objetos pessoais e outros utensílios da casa não foram ressarcidos.

No dia primeiro de dezembro, Ricardo Benedictis usou a Tribuna Livre da Câmara de Vereadores para relatar todo o acontecido e disse que as negociações foram emperradas, principalmente quanto ao conserto da residência que ficou comprometida com rachaduras.

A Embasa pediu vários orçamentos e, entre o mais baixo, ofereceu apenas custear 20% do valor do serviço, o que, segundo Ricardo, não é justo e viável. Diante do impasse, a ação passou para a alçada da Justiça, tornando mais lenta a solução desejada pela família, qual seja o retorno com mais tranquilidade para sua casa, mesmo com o incômodo e a ameaça das bombas da adutora que continua funcionando no mesmo lugar.

No seu desabafo, o jornalista fez duras críticas ao Ministério Público e à Justiça que nesses 25 anos não deram uma solução para a questão das bombas da Embasa, instaladas ao lado da sua residência. Criticou a lentidão do judiciário brasileiro que, em sua opinião, não é capaz de restituir os devidos direitos reclamados pelos cidadãos.

Na ocasião, Ricardo alertou que outras tragédias, como a da noite de 12 de outubro, também poderão ocorrer em outras adutoras da Embasa em diversos bairros da cidade, como em Ibirapuera. Elogiou a atenção dada pelos prepostos da empresa em Conquisto, caso do gerente financeiro Luciano Dórea, mas criticou a posição de endurecimento da diretoria, em Salvador, para pagar os prejuízos sofridos.

O vereador Álvaro Pithon apoiou a causa da família Benedictis que se encontra em situação vexatória morando em hotel e apartamento alugado, e criticou a empresa estatal que até o momento não se dispôs a resolver o problema. Presente na sessão da Câmara, a deputada federal, Alice Portugal  prometeu intermediar uma solução justa junto à diretoria da Embasa.

A sessão da Câmara também contou com a presença de André Cairo que há 28 anos comanda o Movimento Contra a Morte Prematura, em Conquista, e falou da Tribuna Livre sobre diversos problemas da cidade, como a poluição sonora que perturba os moradores.

Pediu que o poder público municipal cumpra a leis estabelecidas sobre o sossego das pessoas que são agredidas todos os dias com altos decibéis de carros de sons e outros equipamentos sonoros, os quais funcionam  além do limite permitido.

Em sua fala, destacou que o Plano Diretor Urbano não está sendo cumprido, citando a falta de acessibilidade, principalmente para as pessoas com necessidades especiais. André Cairo também aproveitou para criticar a Embasa em razão da escassez de água em vários pontos da cidade.

O vereador Dudé pediu da Casa mais clareza e transparência com relação aos projetos da cidade, os quais não estão sendo apreciados como deviam, e denunciou que as comissões instaladas no início do ano não estão funcionando. Ele espera que esta situação seja revista no próximo ano legislativo.