É, estamos mesmo vivendo na era das trevas do conhecimento onde prevalece a cultura do lixo e da futilidade. Na música, por exemplo, quanto menos conteúdo, mais multidões histéricas seguem falsos “ídolos” aos sons barulhentos dos rebolados dos bumbuns, e a mídia abre espaços para endeusá-los. Quando morrem viram heróis, mitos e lendas. Todos choram e lamentam como se fossem perdas irreparáveis.

Na semana passada morreu, na Alemanha, aos 81 anos, o intelectual baiano Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, um “ilustre” desconhecido da nossa desfigurada e amarelada juventude brasileira, e até mesmo pouco conhecido no meio cultural. Este “ilustre” chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 2015 pela União Brasileira de Escritores.

Nos meios de comunicação em geral, li apenas uma pequena nota de registro num jornal da capital, num pé de página. Que lástima! Que tristeza! Fosse um cantor de axé, um pagodeiro ou de arroxa, ai o noticiário daria o maior destaque, com apelos e sentimentalismos baratos, colocando o artista como grande divulgador da nossa cultura.

Estamos mesmo ferrados em tudo, e é por isso que impera o silêncio sepulcral diante dos absurdos que estão acontecendo no país. O povo está sendo roubado e garroteado, e nada acontece. Nunca, em toda a minha vida, vi o meu país tão alienado, intolerante, cheio de ódio e de imbecilidades.

A nota no jornal começa dizendo que a intelectualidade internacional sofreu uma considerável perda com a morte do cientista político, historiador, professor e escritor baiano Moniz Bandeira, autor de obras que são referências na ciência política e na sociologia. Um jovem logo diria se tratar de um jogador da seleção brasileira, ou artista sertanejo.

Dentre os trabalhos destacam-se A Desordem Social (2016), A Segunda Guerra Fria (2013), Formação do Império Americano (2005), Lenin –Vida e Obra (1978) e O Ano Vermelho (1967), este em plena ditadura militar que poucos conhecem, e a maioria dos nossos jovens diz que não acredita que aconteceu os anos de chumbo.

As duas últimas obras foram relançadas no mês passado em função do centenário da Revolução Russa. Por estas e outras é que não gostaria de estar vivendo mais aqui, mas numa loca de um sítio qualquer como um mocó. Não dá para ver tudo isso e ficar calado! Tenha piedade de nós, oh senhor!