Na semana passada a chamada grande mídia (a maior parte tendenciosa) não deu praticamente nenhuma importância para o pronunciamento de um general do exército, de nome Mourão (lembra o golpista Olímpio Mourão de 1964), que defendeu uma intervenção militar no país para colocar “ordem” no caos político existente.

O comandante do exército, Vilas Boas, praticamente o apoiou, citando artigo da Constituição onde reza que, em caso de desordem, as forças armadas podem intervir para restaurar a ordem institucional. Na mesma fala, descartou punição contra o general que se insubordinou quando fez comentários estritamente políticos.

Outro colega em tom irado entrou em defesa do Mourão, criticando os parlamentares que condenaram o pronunciamento de intervenção militar. Afirmou que os políticos atuais, principalmente os envolvidos em corrupções e outras falcatruas, não têm nenhuma moral para condenar o militar.

O mais lamentável e pior de tudo isso é que o general defensor tem razão quanto a falta de moral deste Congresso Nacional que aí está. Pelo menos serve como reflexão de que a população brasileira está perdida e desamparada, num mato sem cachorro e sem um governante forte que nos represente. É triste chegar a esta constatação e ter que se redimir.

Aliás, não deveria ser o comandante que isenta ou não o seu insubordinado que foi de encontro às normas da corporação, mas sim, o presidente da República, como comandante maior das forças armadas, que tem esse poder de punir ou não um oficial. No entanto, ele também está sem moral e respeito com uma impopularidade de 80%.

Além da quebra de hierarquia, fica bem claro como o nosso país está acéfalo, sem um comando maior, à beira do precipício. Por aí se percebe o perigo que estamos correndo de viver outro tempo de aflição, agonia e terror.

Ainda sobre intervenção militar, o general Vilas Boas, num programa de televisão, apontou que já vem ocorrendo no caso das forças nacionais em diversos estados, a exemplo agora no Rio de Janeiro. O que está acontecendo no Brasil, especialmente no que concerne à violência urbana, é consequência dos desmandos, roubos e sujeiras dos governantes que deixaram a educação e as áreas sociais em completo abandono. Agora, deu no que deu.

Na verdade, não nos referimos a este tipo de intervenção militar contra a violência da bandidagem (monstro criado pelos próprios governantes), mas de intervenção política no país, com mudança de regime, onde será cerceada a liberdade e outros tipos de expressão do nosso povo.

As pessoas da nossa geração já viram este filme passar há 53 anos e sabem o que aconteceu nos porões da ditadura civil-militar. Hoje, os nossos jovens não acreditam que tudo aquilo aconteceu. Nos causa pena e preocupação com tamanha ignorância.

Tudo começa assim com um pronunciamento desse tipo, onde a mídia e os segmentos da sociedade não dão nenhuma importância para o caso, e aí a proposta vai crescendo porque o ambiente de hoje propicia.

Militar sempre será militar e não existe essa de militar com cabeça moderada ou progressista do tipo cara de civil. Precisamos estar em alerta, porque tem uns malucos civis imbecis por aí defendendo o mesmo do general Mourão.