É muito ridícula a encenação de um policial num batalhão do Espírito Santo em uma montagem de quinta categoria!

Ele anda serenamente até a entrada da corporação e indaga aos possíveis familiares dos amotinados:

– Vocês querem que a gente vá trabalhar?

– De lá do simulado portão algumas vozes, sem muita expressão, respondem com um não.

A impressão que passa é que a polícia militar é muito educada, cordial, democrática e pacífica, só que a população sabe muito bem que se fossem outros manifestantes em greve, os soldados simplesmente passariam por cima com seus tanques, cassetetes, gases e fuzis.

Gostaria só entender com quem eles aprenderam estas tramoias de tentar enganar o povo, como se todo mundo fosse burro e idiota? É subestimar demais a inteligência dos outros.

Do outro lado da política, lá em Brasília, o mordomo presidente Michel Temer indica seu ministro da Justiça (agora ex), Alexandre de Moraes, do PSDB (desfiliado) para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Todos estão carecas de saber que ele continuará um partidário do governo.

Ai começam as encenações teatrais de contatos com os senadores que vão fazer a sabatina para aprovação do seu nome, tudo no faz de conta de que poderá haver alguma rejeição. São artistas e somos a galera a aplaudir suas artes circenses.

Para completar as artimanhas, só falta agora o indicado perguntar lá da mesa do Senado:

– Vocês querem que eu seja ministro?

Sem dúvida que todos vão responder sim. Desta vez não vai ter não, como no caso dos familiares dos policiais em greve no Espírito Santo.

É o mesmo que arguir se a galinha quer milho, ou se a raposa quer galinha. Como na piada, o sapo pede para que jogue ele no fogo e não na água. É como colocar periquitos no milharal.

No mesmo modus operandi de Dilma, o mesmo Temer nomeia Moreira Franco, o Angorá, para o Ministério da Secretaria Geral da Presidência da República, dando a ele o maldito foro privilegiado, já que o cara é investigado pela Lava Jato.

O senador Edison Lobão, réu em vários processos, é também indicado para ser o presidente da Comissão de Constituição e Justiça que vai sabatinar e aprovar o nome de Alexandre Moraes para o STF. Fica tudo em casa e entre eles mesmos.

E assim caminham os brasileiros, vendo sumir nos horizontes turvos as investigações da Operação Lava Jato que deram um fio de esperança em acreditar, mais uma vez, no país do futuro. Até quando vamos ter que esperar por um milagre?

Todos eles, com o maior cinismo, nos enrolam, nos enganam, nos fazem de joguetes como se fossemos petecas imprestáveis, e não reagimos, nem nos  indignamos com tantas desfaçatezes.

Na Câmara, os deputados aprovam um projeto em que dá aos partidos mais uma brecha para a lavagem de propinas nas campanhas eleitorais. Tudo no sentido da impunidade e do enfraquecimento da Lava Jato. E ainda aparece um parlamentar que diz da tribuna que sempre tem pensado em prol do interesse da nação.

O ex-presidente Lula faz discurso político no enterro da sua mulher, como um grande injustiçado e perseguido. Segundo ele, ela morreu triste por causa dos canalhas. Entre eles existe alguma diferenciação?

Os poderes nos empurram como gados para o matadouro. Enquanto eles tripudiam de nós, adeptos e contras brigam entre si até a morte, se for possível, destilando ódio e intolerância pelas ventas cheias de discriminações e preconceitos.

E assim caminham os brasileiros sendo trucidados pela violência que mata mais que nas guerras, pela falta de saúde nas portas dos hospitais  e pelas medidas disfarçadas de reformas que sufocam trabalhadores e aposentados.