Nosso povo é desmemoriado, mas na década de 90 quando o vestibular nas universidades era uma maratona de “guerra” e os cursinhos privados ganhavam muito dinheiro, o governo federal anunciou que iria acabar com o vestibular. O tempo passou e aí foi surgindo o Enem que virou um “vestibulão” indigesto, um tipo de faroeste para se ingressar numa faculdade.

Hoje, com relação ao Enem, a mídia repete as mesmas matérias de antigamente dos vestibulares mostrando estudantes estressados o ano todo dentro de salas de aulas e dando dicas de professores, psicólogos e educadores de como agir para se relaxar. No Enem, como no vestibular antigo, os cursinhos particulares continuam ganhando muita grana.

De lá para cá, a educação no Brasil, infelizmente, só fez piorar e quase metade dos estudantes sai das escolas sem saber ler e escrever. Nem é preciso dizer que a grande parte não consegue interpretar um texto. Em matemática é outro horror.

Quando chega a oportunidade do Enem, depois de concluir o nível médio, o aluno que já vem lá de trás sem base escolar acha que através de um cursinho pode recuperar todo tempo de atraso (10 ou 12 anos) num ano só. Então, entra numa “guerra” desenfreada dia e noite, acreditando que pode fazer em pouco tempo o que não fez no passado.

Essa turma que já chega no Enem com deficiências no ensino não consegue mais acompanhar o raciocínio temático das  aulas dos professores, e não há “ show de aulão” que dê jeito. Agora as aulas viraram espetáculos em estádios de futebol para mais de dez mil estudantes. A maioria fica boiando na maionese.

Por sua vez, a mídia entra na onda para também fazer seu grande espetáculo de audiência, mas deixa de questionar o outro lado de que o nosso povo e os jovens estão sendo iludidos com um ensino do faz de conta. O Enem não passa de mais um carrasco, e a maioria que passa entra na universidade carregando em sua bagagem a mesma deficiência do fundamental e do básico.

Depois do Enem, a mídia também se deleita para mostrar as barbaridades cometidas nas provas estressantes dos estudantes. Poucos conseguem alcançar a média e raríssimos têm uma nota superior, só aqueles que frequentaram boas escolas particulares ou sempre se dedicaram aos estudos. Portanto, o Enem não representa um ano, mas os 10 ou 12 entre o básico e o ensino médio.