Carlos González – jornalista

O Esporte Clube Primeiro Passo de Vitória da Conquista, que em janeiro completou uma década de fundado, enfrentou na última quarta-feira o que, sem exagero, pode ser avaliado como o maior desafio de sua vida. Apesar de já ter disputado as séries “C” e “D” do Campeonato Brasileiro, o melhor representante do futebol do interior baiano, 76º colocado no ranking nacional, foi um dos 80 clubes selecionados pela CBF para participar da Copa do Brasil, torneio que leva o campeão à Libertadores da América.

Infelizmente, o Conquista não deu nem o primeiro passo. A esperança, que estava no verde de sua camisa, se desvaneceu nos 20 minutos finais do jogo contra o Palmeiras. No duelo entre o Bode e Porco ganhou aquele que mais se adapta ao terreno lamacento, como realmente se encontrava o campo do Estádio Lomanto Júnior, apesar dos esforços, tardios, é verdade, da prefeitura conquistense, que não evitaram as críticas da imprensa visitante.

Na minha opinião, o Conquista encarou o Palmeiras, nos 45 minutos iniciais, de igual para igual. Sofreu o primeiro gol, aos 13 minutos, através de um pênalti duvidoso. O time não se abalou, chegando ao empate no começo do segundo tempo. A queda de rendimento físico, consequência da correria do primeiro tempo, num campo de grama alta e enlameado, veio com o segundo gol palmeirense, e, nem mesmo com um jogador a mais – Arouca foi expulso aos 28 minutos -, o Conquista reagiu ao jogo mais técnico do adversário, que venceu por 4 a 1.

Há um outro aspecto importante a considerar nessa partida que lotou o Lomantão, cuja capacidade é de 12 mil pessoas, mas, segundo o borderô fornecido pela Federação Baiana de Futebol (FBF), 8.686 torcedores ocupavam as arquibancadas do estádio. A renda apurada foi de R$ 549.640, para um público pagante de 8.319. Esse outro aspecto a que me refiro é o financeiro. O ECPP fazia cálculos de uma arrecadação em torno de R$ 1 milhão, para poder pagar seus jogadores – sua folha mensal é de R$ 150 mil, um terço do que recebe o chileno Valdivia no Palmeiras – e sanar outros compromissos financeiros.

Além dos 40% da renda líquida, que não foi fornecida, o Conquista esperava receber R$ 80 mil de patrocionadores paulistas, cujas marcas seriam fixadas nos uniformes dos atletas. Segundo o provedor UOL havia uma condição: o jogo teria que ser transmitido pela Rede Globo para todo o país. Na última hora a emissora preferiu mostrar San Lorenzo x Corinthians, pela Libertadores (Flamengo e Corinthians são os privilegiados nas transmissões, motivo de reclamações de outros grandes clubes). Com isso, o Conquista perdeu essa cota extra.

Vale ressaltar que nos três jogos disputados no Lomantão pelo Campeonato Bahiano a equipe local arrecadou R$ 84.293 – R$ 76.049, na partida contra o Bahia; R$ 6.648 (Jacuipense); e R$ 1. 596 (Serrano).

Líder do Campeonato Baiano e já classificado para a próxima fase, o Conquista tem condições de executar, para muito breve, seus planos de se destacar no cenário do futebol nacional, como vem fazendo Santa Catarina, que coloca este ano quatro representantes na série “A” do Brasileirão, sendo dois do interior. E, por outro lado, a prefeitura deve melhorar seus equipamentos esportivos, para que a cidade, no futuro, não venha a receber critícas, e alcance nacionalmente uma maior projeção. Afinal de contas, três redes de TV transmitiram a partida para todo o Brasil.