Carlos González – jornalista

Eu creio, e sinto também que os torcedores brasileiros não vão ter algo do que se orgulhar em 2015, mesmo levando em conta que, nada poderia acontecer de pior do que a pancada recebida no ano que está indo embora, causando um efeito desastroso. A goleada por 7 a 1 imposta pela Alemanha ao Brasil nas semifinais da Copa, em pleno Mineirão, no dia 8 de julho, foi o golpe decisivo no combalido futebol verde-amarelo.

Eu não vou aqui entrar em detalhes sobre essa tragédia, bastante discutida e jamais esquecida. Gostaria apenas de fazer uma comparação sobre essa partida e a primeira oficial disputada pelos alemães após o Mundial. No dia 14 de novembro, jogando pelas eliminatórias da Eurocopa 2016, os germânicos, atuando em seus domínios, aplicaram somente 4 a 0 sobre a frágil equipe de Gibraltar, território ultramarino situado ao sul da Espanha, cuja posse pertence à Inglaterra. Os gibraltinos – seus jogadores têm as mais variadas profissões – treinam em Algarve, Portugal, porque não há campo de futebol na península onde vivem, com apenas 6,5 km² e 30 mil habitantes.

O futuro do futebol brasileiro, na verdade, não preocupa a “cartolagem”, envolvida em escândalos financeiros, denunciados em livros (leiam “O Lado Sujo do Futebol”, escrito pelos jornalistas Amaury Ribeiro Júnior, Leandro Cipolini, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet; ou “Guia Politicamente Incorreto do Futebol Brasileiro”, de Mendes Jr.), por alguns poucos profissionais de imprensa da área esportiva, não comprometidos com a CBF, e pelo senador eleito Romário de Souza Faria.

Países que há 10, 20 anos não figuravam entre os primeiros do ranking mundial estão hoje investindo maciçamente no futebol, como os Emirados Árabes Unidos, o Catar, China, Índia, Ucrânia e Estados Unidos, e até mesmo algumas nações sul-americanas, que, por certo, serão testadas na Copa América, em junho, no Chile, onde o Brasil vai sentir, mais uma vez, o peso da humilhação. Os jogadores que ainda não conseguiram cruzar o Atlântico, em busca dos dólares e euros, praticam um futebol medíocre, com faltas consecutivas (uma média de 60 por jogo), passes errados, despreparados fisicamente e desinteressados pela profissão que escolheram, porque não sabem fazer outra coisa. Essa crítica serve principalmente para os jovens jogadores das divisões de base. Recentemente, assisti a uma série de “peladas” num torneio sub 20, promovido pelos gaúchos. Os jogos terminavam em 0 a 0 ou, no máximo, um dos times, fazia um gol de bola parada. Assistam, a partir dos primeiros dias de janeiro, a Copa São Paulo de Futebol Júnior, com a participação de representantes de todos os estados do país. Vejam se eu não estou com a razão.

Tomei conhecimento que há cerca de um mês a famosa Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, discutiu a falta de planejamento e os muitos problemas de gestão do futebol no Brasil, revelando que, dos 783 times profissionais 383 só conseguem jogar no máximo quatro meses por ano.

A temporada 2015 do futebol nacional começa oficialmente no dia 1º de fevereiro. Dos 12 clubes da 1ª divisão baiana, sendo três de Salvador, a cinco semanas da abertura do campeonato estadual, somente o Bahia, Vitória, Galícia e Vitória da Conquista, receberam o sinal verde da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros, responsáveis pelas vistorias nos estádios. Por total descaso, assim como fazem com a saúde dos seus munícipes, as prefeituras de Feira de Santana, Alagoinhas, Riachão do Jacuípe, Jacobina, Juazeiro, Ilhéus e Porto Seguro, não vêm cuidando da manutenção dos seus estádios. Em conseqüência, os representantes das cidades podem perder o mando de campo ou serem excluídos da competição, deixando toda uma população sem seu lazer de domingo.