Se nos grandes centros urbanos já é um perigo, imagine nas rodovias federais de movimento intenso de veículos leves e pesados onde o motoqueiro tem ainda que travar uma batalha constante contra o vento.

Pela lei de trânsito, a moto deve ocupar o mesmo espaço de um veículo de quatro rodas, mas, na prática, não é isso o que acontece. Nas cidades, os motoqueiros costuram e cortam de todos os lados levando a maior vantagem. Nas estradas acontece o inverso e são os veículos que levam a melhor.

Na estrada, o motorista do carro não suporta ficar no fundo de um motoqueiro e termina fazendo ultrapassagens perigosas, principalmente nas lombadas, por acreditar que existe espaço suficiente para se desviar de outro veículo no sentido contrário. Não se deve confiar nisso.

CARRANCA 032 - Cópia

Bem, mas não é nada disso que queria falar. Como viajante que gosto de pegar a estrada e apreciar as paisagens, nesta semana, na BR-324 (Juazeiro-Senhor do Bonfim) presenciei uma cena para mim inusitada de um motoqueiro pilotando seu “cavalo de aço” com as pernas para trás.

No primeiro instante fiquei meio confuso, mas ao me aproximar notei que o motoqueiro contorceu, esquisitamente, todo seu corpo quase deitado sobre a moto, não sei se para exercitar e aquecer os músculos ou se era uma forma de fugir do forte vento.

Só sei que cortava o sertão mais solitário que eu, se bem que desta vez a vantagem estava comigo, mas a coragem maior era a dele. De tão concentrado no tempo e no espaço, nem notou que passei com minha esquisitice de falar sozinho.