Há pouco mais de um ano o povo tomou as ruas para pedir melhorias nos transportes públicos, na segurança, na educação e na saúde, entre outras reivindicações como combate à corrupção, e até o governo (executivo, legislativo e judiciário) prometeu uma reforma na política eleitoral do país. Não houve sinais de mudanças reais. Apenas alguns remendos paliativos do tipo cala-boca.

Enquanto isso, o Congresso Nacional gasta um milhão de reais por hora, segundo cálculos da Ong Contas Abertas. No lugar de educação eficiente e saúde digna para todos, nos dão cotas e mais cotas. – Dona Maria, a senhora vai ter que se candidatar a deputada para preencher a cota exigida para as mulheres – ordenou o presidente do seu partido (são 39 no país).

– Mas, seu moço, eu não tenho a mínima condição! – Não importa dona Maria! É a lei para que o nosso partido participe das eleições. Só falta agora indicar ao eleitor em qual categoria de gênero, cor e sexo ele deve votar. Não são essas baboseira que vão tornar nossa sociedade mais igualitária e justa. Como se diz por aí, “o buraco é mais embaixo”.

  Vamos pra frente que atrás vem gente. Essas políticas e esses decretos de enganação não apagam as mentiras e as hipocrisias que jogam contra nós pobres mortais. O Tribunal de Contas da União determinou que o Conselho de Administração da Petrobras que assinou a compra da refinaria de Passadena, no Texas (prejuízo de 800 milhões de dólares) não é responsável pela ação desastrosa contra o país.

Para que então servem estes conselhos onde cada membro ganha um salário recheado de reais? Na CPI do Senado, montada para apurar as irregularidades contra a empresa estatal, as perguntas e as respostas dos interrogadores e interrogados foram todas combinadas. É tudo combinado entre eles para que tudo fique como dantes na Casa de Abrantes.

O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), referente ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), aponta o Brasil na 79ª posição entre 187 nações pesquisadas. Como sempre, nossos governantes contestam os dados e dão desculpas.

Outro estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento dá conta de que metade das escolas no país não tem computador (na Bahia só 40%). A proporção é de um computador para cada 45 alunos.

Na cultura, dos 200 milhões de habitantes, 26 milhões vão ao cinema uma vez por mês; 176 milhões nunca viram uma exposição de arte; e 148 milhões não passaram nem perto de um espetáculo de dança. É um cenário caótico como afirmou a promotora de eventos, Beth Cayres.

Na Copa do Mundo os brasileiros receberam bem os turistas estrangeiros que só vieram curtir e gozar com a nossa cara de 10 gols nas partidas contra a Alemanha e Holanda. Quase nada sabem sobre a nossa real situação ao elogiarem uma festa feita pela elite e para a elite.

Seguimos empurrando a barriga sem sinais de mudanças, enquanto a economia desce a ladeira e a inflação corrói o parco poder aquisitivo dos assalariados e aposentados não privilegiados. O patrulhamento ideológico e o politicamente correto continuam minando nosso poder de contestar.